Capítulo VII
Desvendando os Segredos - Paqrte III
Textos no Hexagrama
Como Obter um Hexagrama
O Fio da Meada
Janine Milward
Primeiro Volume
O Fio da Meada

Primeiro Volume
O Fio da Meada
Sexta Linha ___ ___ O
Quinta Linha ___ ___ I Ching
Quarta Linha ___ ___ do
Terceira Linha _______ Caminho
Segunda Linha _______ do
Primeira Linha _______ Céu
Janine Milward
Primeiro Volume
Conceitos Fundamentais sobre I Ching,
o Livro das Mutações
o Livro das Mutações
Editora Estrela do Belém
O Fio da Meada
I Ching do Caminho do Céu
Janine Milward
Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada

Primeiro Volume
Conceitos Fundamentais sobre I Ching, o Livro das Mutações
Janine Milward
Desvendando os
Segredos - Parte III
Caro Leitor,
Veja os Temas sendo abordados neste Capítulo:
Textos no Hexagrama:
Trigramas da Terra e do Céu e
seus Atributos
Julgamento e Imagem e Linhas
(e Trigramas Nucleares e Mapas
dos Mundos da Manifestação e da Não-Manifestação)
Como Obter um Hexagrama
E agora?
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama sem
quaisquer Linhas Mutáveis.
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama com uma
Linha Mutável ou mesmo com outras Linhas Mutáveis.
Antes de estudarmos sobre as questões acima, é
preciso que tenhamos uma boa noção sobre o que significa Mutação, o que
significa um Oráculo, o que faz com que o Mestre do I Ching se aproxime de nós
e de nossa essência e que nos apresente sua resposta inteiramente de acordo com
aquilo que Ele, o Mestre, compreende como representação de nossa pergunta. Afinal, estamos tratando do Livro das
Mutações, I Ching!
I, Mutação e Não-Mutação
Constância, Duração e Eterna
Mutação
O Mundo da Manifestação e o
Mundo da Não-Manifestação
Interioridade e Exterioridade
O Sublime Yang e o Sublime Yin,
A Luz e a Não-Luz (O Vazio)
A Criação
O Universo e sua Forjaria de Estrelas e de
Vida
Simultaneidade
do Universo:
...
Somos Poeira de Estrelas ...
Sincronicidade,
Arquétipo, Linguagem, Mitos e Símbolos
Vivências
Sucessivas (Re-Encarnações)
Planeta Terra: Estação de
Trabalho e de Iluminação – e de Liberação
A
Simultaneidade - Sincronicidade e Arquétipo- Consciente e Inconsciente, Mestre
e Discípulo
Pressupostos
para a fundamentação primordial do homem
em
relação à expansão de sua mente e de sua vida
Hexagrama Original e Hexagrama
Complementar
A Transmutação das Linhas Yang
e/ou Yin em suas Plenitudes
Algumas Recomendações e Alguns Exemplos ao Lidarmos com O Oráculo
Imagens - Textos do Julgamento e
da Imagem - Usando o Discernimento

Textos no Hexagrama:
Trigramas da Terra e do Céu e seus Atributos
Julgamento e Imagem e Linhas
(e Trigramas Nucleares e Mapas dos Mundos da Manifestação e da
Não-Manifestação)
Em cada um dos 64 Hexagramas, estaremos encontrando os Textos
relativos ao Julgamento e à Imagem e a cada uma das Seis Linhas.
O
Julgamento se
refere à situação, como um todo,
retratada pelo Hexagrama. Esta situação
acata os dois Trigramas formadores do Hexagrama - o Trigrama que traz a
estrutura e o Trigrama convidado - e acata a Imagem formada por ambos, certamente,
porém dentro de um sentido de ação a ser realizada pelo contexto do Hexagrama e
pelo Caminhante que obteve o mesmo.
Muitas vezes, também os Atributos dos Trigramas Nucleares são
introduzidos ao contexto revelado pelo Julgamento. Da mesma forma, muitos dos textos das
Linhas.
Não podemos nos esquecer a importância dos posicionamentos dos Oito
Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa do Mundo da
Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da Manifestação (mais
usado).
O Texto do Julgamento sempre começa a partir do Titulo do
Hexagrama. Depois, o I Ching vai
formulando, em frases bem sintéticas, as questões fundamentais, a essência do
Hexagrama.
A Imagem se refere à composição dos dois
Trigramas - o Trigrama do Céu e da Terra - e seus Atributos.
Esses Atributos fazem acontecer o Texto da Imagem que também pode
ser influenciado pelos Atributos dos dois Trigramas Nucleares, certamente!
Não podemos nos esquecer a importância dos posicionamentos dos Oito
Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa do Mundo da
Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da Manifestação (mais
usado).
O Texto da Imagem sempre apresenta os dois Trigramas Originais e a
imagem que formam, que é o Titulo do Hexagrama; e depois, sempre dá início à
interpretação dos Atributos dizendo:
Assim, o homem superior ..............................
Cada uma das Seis Linhas possui um Julgamento próprio e
apresenta situações outras que, ou são inseridas dentro dos contextos do Julgamento
ou da Imagem, ou novas possibilidades de atuação dos contextos do Julgamento ou
a Imagem, bem como questões próprias atribuídas a cada uma das Seis
Linhas.
E, não podemos nos esquecer que os Trigramas Nucleares fazem parte
constante nos Textos das Linhas (na maioria das vezes, porém, não incluindo a
Primeira Linha e a Sexta Linha - porque estas não fazem parte da formação dos
Trigramas Nucleares).
É também fundamental nos lembrarmos sobre a importância dos
posicionamentos dos Oito Trigramas da Família do Céu e da Terra tanto no Mapa
do Mundo da Não-Manifestação (menos usado) como no Mapa do Mundo da
Manifestação (mais usado).
................................
Sintetizando:
O
Julgamento se
refere à situação, como um todo,
retratada pelo Hexagrama.
A Imagem se refere à composição dos dois Trigramas - o Trigrama do Céu e da
Terra - e seus Atributos.
Cada uma das Seis Linhas possui um Julgamento próprio e
apresenta situações outras que, ou são inseridas dentro dos contextos do
Julgamento ou da Imagem, ou novas possibilidades de atuação dos contextos do
Julgamento ou a Imagem, bem como questões próprias atribuídas a cada uma das
Seis Linhas.
Portanto, todas as questões que viemos estudando até este momento
trazem suas contribuições para nossa leitura e interpretação dos 64 Hexagramas
do I Ching, o Livro das Mutações!

Exemplo de Textos de Julgamento e de Imagem e de Linhas
Em seu quarto encontro, K'un,
A Terra, A Mãe, O Vazio, recebe Sun,
O Vento, A Madeira, a Filha mais Velha, e ambas formam o Hexagrama Kuan, Contemplação
_______
_______
___ ___ Trigrama do
Céu em Sun, O Vento, A Madeira,, O
Penetrante
___ ___
___ ___
___ ___ Trigrama da
Terra em K'un, A Terra, o Povo, as
Massas, a Multidão
Assim, em Kuan, temos a Contemplação e o Ser Contemplado. Esta Contemplação pode acontecer em termos do
Trigrama da Terra em relação ao Trigrama do Céu - assim fazendo com que o
Trigrama do Céu seja o Contemplado, aquele que é Contemplado pelo Trigrama da
Terra. E esta Contemplação pode
acontecer em termos do Trigrama do Céu em relação ao Trigrama da Terra - assim
fazendo com que o Trigrama da Terra seja o Contemplado, aquele que é
Contemplado pelo Trigrama do Céu.
No primeiro caso, podemos perceber que existe uma imperatividade da
ação do Trigrama do Céu em relação ao Trigrama da Terra e por isso, o I Ching
diz, no Texto da Imagem: Assim os reis da antiguidade
visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam. As regiões do mundo e o povo advêm de K'un, a Terra, e os reis
advêm da Quinta e da Sexta Linhas e as visitas nas regiões do mundo advêm de
Sun, o Vento, o Penetrante, a Comunicação que vai a todos os lugares bem como a
questão da delegação da instrução.
No segundo caso, podemos perceber que existe uma imperatividade da
ação do Trigrama da Terra em relação ao Trigrama do Céu e por isso, o I Ching
diz, no Texto do Julgamento: A ablução já foi realizada,
mas ainda não a oferenda. Confiantes,
eles erguem o olhar para ele.
É o Povo, no Trigrama da Terra, em K'un, a Terra, as Massas, a
Devoção, a Receptividade, é que realiza a ablução e ergue o olhar para o
Trigrama do Céu, onde se posiciona o Homem do Céu, aquele que poderá propiciar
as bênçãos celestiais e a fé - e em função disso, as oferendas podem ser
realizadas pelo Povo.
O Povo, no Trigrama da Terra, ergue o olhar para o Trigrama do Céu
onde se posicionam o Homem do Céu, a Quinta Linha, o Rei, aquele que possui,
potencialmente, a iluminação da consciência, e para o Sábio, aquele que se
posiciona na Sexta Linha e dá continuidade, traz complementariedade à ação
realizada pelo Rei. A verdade é que Rei
e Sábio realizam as duas Linhas Governantes do Hexagrama Kuan, Contemplação.
Existe um fusionamento interessante entre o Trigrama do Céu e o
Trigrama da Terra - em suas ações realizadas tanto no ato de Contemplação como o de
ser Contemplado - como vimos mais acima em relação aos Textos da Imagem e do
Julgamento: A ablução já foi realizada,
mas ainda não a oferenda. Confiantes,
eles erguem o olhar para ele. Assim os reis da antiguidade
visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam.
Nos Trigramas Nucleares inseridos, estaremos encontrando Ken, a
Montanha, no Trigrama Superior, e K'un, a Terra, no Trigrama Inferior: vemos,
portanto, que existe uma repetição da Imagem da Montanha sobre a Terra, que foi
vista, inicialmente, no Hexagrama Original, em Kuan, Contemplação, quando a figura
desenhada pelas Seis Linhas evocam a Imagem de uma Montanha, ou de um Templo,
ou de um Portal, e esta Imagem tem continuidade através os dois Trigramas
Nucleares, a Montanha sobre a Terra, perfazendo o Hexagrama Nuclear, Po,
Desintegração, A Fuga da Luz:
_______ _______
_______ ___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___ ___ ___
___ ___ ___ ___
Kuan,
Contemplação Po, Desintegração
Vemos, portanto, que existe um fusionamento entre o Hexagrama
Original e os Trigramas Nucleares (acolhendo o Hexagrama Nuclear) que
trazem a repetição de Imagens de Montanha e de Terra aparece também dentro
do Texto do Julgamento: a Montanha
fala de limite (limite este estabelecido pela Terceira Linha, Yang e do Céu) e
por esta razão, o I Ching diz: A ablução foi realizada, mas
ainda não a oferenda. Ou seja, o sacrifício
ainda não está completo. E o I Ching
continua: Confiantes, eles erguem o olhar para ele. Ou seja, K'un, é o Povo Abnegado, Confiante,
e Contempla o Templo dos Ancestrais (imajado por Ken, a Montanha - que se
encontra repetida, como já vimos) onde o Rei e o Sábio concedem a revelação dos
ritos do sacrifício, ou seja, instruem ao Povo sobre a realização do sacrifício
- porque o Rei e o Sábio conhecem as leis do céu e tudo aquilo que pode ser
partejado com as leis da terra, com o Povo.
E certamente, também este fusionamento acontece dentro do Texto
da Imagem: Assim os reis da antiguidade
visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam
Diante de tantos fusionamentos, é certo que acontecem também nos
Textos das Linhas:
A Primeira Linha encontra-se ao início do Hexagrama e ainda um tanto afastada tanto
daqueles que contemplam quanto daqueles que são contemplados e é
idealmente incorreta, sendo Yin, e por isso é considerada como: Contemplação pueril. Para um homem inferior, nenhuma culpa. Para um homem superior, humilhação.
A Segunda Linha é Yin e idealmente correta e talvez seja por esta razão que o I
Ching a nomeia de ‘mulher’. Ela é o
centro do Trigrama da Terra, em K'un, o Receptivo, do Hexagrama Original Kuan,
Contemplação, mas já está entrelaçada com os Trigramas Nucleares K'un, a Terra,
e Ken, a Montanha, formando o Hexagrama Nuclear Po, Desintegração, a Fuga da
Luz. Ken, a Montanha, é uma porta, um portal, um portão
mas K'un, a Terra (aqui repetida) pode ser um lugar obscuro, portanto o I Ching
sugere que a porta está fechada e que uma mulher olha através a Linha Vazada,
ou seja, a brecha. E por ser uma Linha
Yin, de K'un, a Devoção, o I Ching aconselha perseverança: Contemplação através de uma brecha na porta. Favorável à perseverança de uma mulher. A Segunda Linha possui correspondência ideal
com a Quinta Linha, porque a primeira é Yin e idealmente correta e a segunda é
Yang e idealmente correta. Sendo assim,
o I Ching doa à Segunda Linha, Yin, o sentido da perseverança do feminino e doa
à Quinta Linha, Yang, o sentido da ação forte do masculino.
A Terceira Linha é Yin e idealmente incorreta e pertence ao Lugar da Terra do Céu,
o lugar fronteiriço entre os Trigramas da Terra e do Céu. Sendo Yin e por estar já inserida no Trigrama
Nuclear Superior, Ken, a Montanha, e incluída o Trigrama Nuclear K'un, a Terra,
esta Linha Terceira fica indecisa se segue em frente ou não - mas já traz para
si a visão de contemplação de sua própria vida (porque assim Ken, a Montanha,
lhe permite, por já está o sopé da montanha e olhar para a planície, sua vida,
de um ponto mais elevado. O I Ching
diz: A contemplação de minha vida decide entre
progresso ou retrocesso.
A Quarta Linha é Yin e idealmente correta
e por isso é Receptiva às Quinta e Sexta Linhas - as Linhas Governantes do
Hexagrama, Linhas do Rei e do Sábio.
Alem disso, já pode contemplar tanto o reino como um todo (a junção do
Trigrama da Terra, em K'un, a Terra, o Povo, com o Trigrama Nuclear Inferior,
em K'un, a Terra, o Povo) e pode contemplar também a Luz emanada para este Povo através as
iluminadas Linhas do Rei e do Sábio e também porque já está em patamar mais
elevado (quase ao cume de Ken, a Montanha) e pode agir enquanto a Linha do
Ministro, buscando seu lugar na Corte.
Por isso, o I Ching diz: Contemplação da luz do
reino. É favorável exercer influência
como convidado de um rei.
A Quinta Linha é Yang e idealmente correta, é o Homem do Céu que se
posiciona enquanto o Rei, aquele que possui a consciência iluminada e atua
enquanto Governante do Hexagrama - e por estar ao alto da Montanha, o Trigrama
Nuclear Superior, é por todos contemplado e por todas estas razões, precisa
também contemplar-se à si mesmo no sentido de como bem governar e influenciar o Povo. Esta governança e esta influência se dá entre
a correspondência ideal entre a Quinta Linha Yang e a Segunda Linha Yin: o Homem
do Céu e o Homem da Terra. O I Ching
diz: Contemplação de minha vida. O homem superior está livre de culpas.
A Sexta Linha é Yang e idealmente incorreta porém faz parte atuante do contexto
da Contemplação e do Ser Contemplado, juntamente com a Quinta Linha. Sendo assim, o Rei e o Sábio atuam em
conjunto neste Hexagrama Kuan, a Contemplação: ambos possuem Linhas Yang e são
os Governantes do Hexagrama. No entanto,
o Sábio já não mais precisa contemplar a si mesmo - porque não é o Rei, aquele
que governa o Reino, e sim é aquele que já possui a consciência de seu Caminho
da Iluminação e por esta razão, pode doar sua luz ao Rei, ao reino e ao Povo -
e assim o faz, porque é uma Linha Yang e ainda bem atuante (diferente de muitas
Linhas Sextas que já estão distanciados do Hexagrama, se retirando). O I Ching diz: Contemplação da sua vida.
O homem superior está livre de culpas.

E agora? Estamos diante dos 64 Hexagramas.... Mas como
fazermos para encontrarmos o específico Hexagrama que o Mestre do I Ching nos
reservou?
Como Obter um Hexagrama
Existem mestres do I Ching que usam as 49 + 1 varetas de mileofólio
ou bambu – ritual herdado dos sábios chineses da antigüidade...
As 49 varetas são manuseadas sempre levando em consideração O Céu,
A Terra e o Homem e correspondem ao Tai
Chi, Ao Tao do Mundo da Manifestação, como inspiração e reverência.
A única vareta que fica sem ser usada corresponde ao Wu Chi, ao Tao
do Mundo da Não-Manifestação, o Absoluto, sempre presente, aquele que a tudo
permeia.
Bem, devo confessar que não sei jogar com as Varetas... e sim,
somente com as facilitadoras 3 moedas. É
bom que tenhamos moedas guardadas em uma pequena caixa e junto ao nosso Livro
das Mutações. Certa vez, comprei num
antiquário, moedas redondas com um furo redondo ao centro... mas ainda procuro
por moedas redondas com um furo quadrado, ao centro: são antigas e não tão
fáceis de serem encontradas. O redondo
reproduz o Céu e o quadrado reproduz a Terra.
Sobre a construção das Seis Linhas do Hexagrama, esta pode
acontecer através de, por exemplo, 3 moedas ou desenhos ou conchas ou algo
similar que sempre possuam idênticos tamanho, peso e forma.
Por que 3?
Se usarmos moedas, teremos uma moeda para a Terra, uma para o Homem
e uma para o Céu.
Ao lançarmos essas 3 moedas por sobre uma mesa, poderemos então
perceber:
Três moedas podem cair mostrando uma mesma face para cima.
Duas moedas podem mostrar
uma mesma face para cima e uma moeda uma outra face.
Sendo assim,
daremos a cada face da moeda um valor:
O valor de 3 será dado para o Supremo Yang
O valor de 2 será dado
para o Supremo Yin
Ao
obtermos, num lançamento de moedas:
Três moedas com o valor do
Supremo Yang (3 + 3 + 3 = 9) teremos então uma Linha Yang
e Mutável.
Três moedas com o valor do
Supremo Yin (2 +2 +2 = 6), teremos então uma Linha Yin e Mutável.
Duas moedas com o valor de Yin (2 + 2 = 4) mais uma moeda com valor
de Yang (3), teremos então o valor de 7 – o que não caracteriza uma Linha
mutável. No entanto, essa é uma Linha Yang e Contínua porém não
mutável.
Duas moedas com o valor de Yang (3 +3 = 6) mais uma moeda de valor Yin (2), teremos então o valor de 8 – o que não caracteriza uma Linha
mutável. No entanto, essa é uma Linha Yin e Vazada porém não mutável
A Linha aparece como mutável num Hexagrama revelado quando o Yang ou o Yin atingiram sua culminância, dando vida, então, para seu oposto
complementar. É por isto que essa Linha ou essas Linhas são importantes e nos
trazem uma mensagem para ser lida, compreendida e vivenciada...
É importante observamos que sempre estruturaremos o Hexagrama
a-vir-a-ser de baixo para cima, iniciando com a primeira Linha, a Linha da
Terra do Trigrama da Terra, depois a segunda Linha, a Linha do Homem do Trigrama
da Terra... e assim até alcançarmos a sexta Linha e revelarmos o Hexagrama a
nós presenteado pela sincronicidade da relação céu e terra no momento da
consulta oracular e imajado através dos arquétipos realizados dentro das 64
possíveis combinações entre os 8 Trigramas Primordiais do I Ching, O Livro das
Mutações.
Lao Tse nos diz em seu Capítulo 47 do Tao Te Ching:
Sem sair da porta
Pode-se conhecer o mundo
Sem ver através da janela
Pode-se conhecer o Caminho do
céu
Quanto mais longe saímos
Tanto menos conhecemos
Por isso, o Homem Sagrado
Conhece sem caminhar
Reconhece sem ver
Realiza sem agir

E agora?
Estamos diante de um Hexagrama a nós revelado pelo
Mestre do I Ching, o Livro das Mutações, e esse Hexagrama foi por nós obtido ou
através o manuseio das varetas de mileofólio ou de bambu ou através ato do
lançar as 3 moedas.
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama sem
quaisquer Linhas Mutáveis.
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama com uma
Linha Mutável ou mesmo com outras Linhas Mutáveis.
No primeiro caso, a leitura e interpretação do
Julgamento e da Imagem bem como dos Trigramas Nucleares (podendo incluir o Hexagrama
Nuclear, por que não?), é essencial e a resposta do Mestre está contida apenas
dentro dessas questões - não sendo necessária a leitura e interpretação das
Linhas pois que estas não apresentaram quaisquer mutações.
No segundo caso, é fundamental que se proceda como
dito acima, apenas que teremos que incluir a leitura e a interpretação das
Linhas Mutantes, as Linhas Mutáveis, as Linhas que apresentaram a culminância
ou do Sublime Yang ou do Sublime Yin e que precisam encontrar suas
transmutações.
Quando isso acontece, é formado um novo Hexagrama e
este pode ser considerado o Hexagrama Complementar ou Desdobrado, ou seja, a
continuidade, a complementariedade do Hexagrama considerado Original ou
Primordial.
No entanto, antes mesmo de darmos seguimento
através um estudo mais aprofundado das questões aqui comentadas.........
é preciso que tenhamos uma boa noção sobre o que significa Mutação,
o que significa um Oráculo,
o que faz com que o Mestre do I
Ching se aproxime de nós e de nossa essência
e que nos apresente sua resposta
inteiramente de acordo
com aquilo que Ele, o Mestre,
compreende como representação de nossa pergunta.
Afinal, estamos tratando do Livro das Mutações, I Ching!
E, por esta razão, antes de seguirmos adiante,
por que não procurarmos saber mais e mais
sobre a Mutação e a Não Mutação,
I?

I,
Mutação e Não-Mutação
Constância, Duração e Eterna
Mutação
O Mundo da Manifestação e o
Mundo da Não-Manifestação
Interioridade e Exterioridade
O Sublime Yang e o Sublime Yin,
A Luz e a Não-Luz (O Vazio)
A Criação
O Universo e sua Forjaria de
Estrelas e de Vida
Simultaneidade
do Universo:
...
Somos Poeira de Estrelas ...
Sincronicidade,
Arquétipo, Linguagem, Mitos e Símbolos
Vivências
Sucessivas (Re-Encarnações)
Planeta Terra: Estação de
Trabalho e de Iluminação – e de Liberação
Pressupostos
para a fundamentação primordial do homem
em
relação à expansão de sua mente e de sua vida
A
Simultaneidade - Sincronicidade e Arquétipo- Consciente e Inconsciente, Mestre
e Discípulo
Constância, Duração e Eterna Mutação
O Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação
O Mundo da Manifestação é advindo do Mundo da Não-Manifestação –
que por sua vez, advém do Tao. Do Vazio. O Caminho é o Vazio.
O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
(como nos diz Lao Tsé em seu
Capítulo 4 do Tao Te Ching)
Lao Tsé nos aponta a lei única de interação entre os dois mundos: a
eterna mutação e a constância.
Dentro do Mundo da Não-Manifestação existe apenas Constância, ou
seja, apenas o Tao é verdadeiramente constante, imutável. A única não
mutabilidade é o próprio Tao em sua constância.
Dentro do Mundo da Manifestação existe constante mutação. a única
não mutabilidade é a própria eterna mutação. E a mutação pressupõe a duração,
não a constância.
No Capítulo 7 do Tao Te Ching, Lao Tsé nos fala mais claramente
ainda sobre a constância e a duração:
O céu é constante, a terra é duradoura
O que permite a constância e a
duração do céu e da terra
É o não criar para si
Por isso são constantes e
duradouros
Dentro do ato da Eterna Mutação do Mundo da Manifestação, existe a
constância do céu e existe a duração da terra. E ambos fazem a eterna mutação
acontecer através do fato de que ‘não criam para si’. Sendo assim, o Mundo da
Não-Manifestação pode ser espelhado pelo Mundo da Manifestação – sendo apenas
espelhado, surgem Maya, o princípio criativo e Prakrti, a energia
cósmica que realiza esta Criação. (Maya
e Prakrti são termos em sânscrito)
Interioridade e Exterioridade
A grande diferença entre os dois mundos, entre a Constância e a
constante mutação, é que, dentro do Mundo da Não-Manifestação existe apenas
interioridade. O Tudo e o Todo e o Nada estão contidos dentro do Mundo da
Não-Manifestação.
A Criação do Mundo da Manifestação advém da plenitude da
interioridade do Mundo da Não-Manifestação. No entanto, sempre o Mundo da
Não-Manifestação permanece absolutamente interiorizado.... porque toda a
Criação está contida dentro dele, bem como o próprio Mundo da Manifestação.
Assim, o Mundo da Não-Manifestação possui apenas plena
interiorização e constância. Enquanto o Mundo da Manifestação, por estar
contido dentro do Mundo da Não-Manifestação, possui exterioridade ao mesmo
tempo que interioridade, certamente. E por possuir este duplo aspecto, está em
constante estado de mutação: ora a Criação faz face à sua exteriorização, ora à
sua interiorização.
Somente o Tao é plenamente interiorizado.
O Sublime Yang e o Sublime
Yin, A Luz e a Não-Luz (O Vazio)
A interação entre o Mundo da Não-Manifestação e sua constância e
interioridade e o Mundo da Manifestação e sua eterna mutação e exterioridade e
interioridade dá berço aos conceitos do Sublime Yang e do Sublime Yin (O
Vazio).
Sabemos que a imagem do Sublime Yang é uma Linha reta querendo
significar sua constância.
________
A imagem do Sublime Yin é uma Linha vazada querendo significar sua
multiplicidade e interação e mutação eternas – a duração.
___ ___
Também sabemos que o Sublime Yang representa a Luz que emana do
Mundo da Não-Manifestação, o verdadeiro Criativo... Não é o Mundo da
Não-Manifestação aquele dá berço ao Mundo da Manifestação?. Enquanto o Sublime
Yin representa a Não-Luz que emana do Mundo da Manifestação, o Receptivo... Não
é o Mundo da Manifestação o espelho que advém do Mundo da Não-Manifestação?
Dentro do Mundo da Manifestação, o Tao da Criação é pura Luz. Tudo
é Luz. Tudo está contido dentro do Tao da Criação, que possui apenas
interioridade e nenhuma exterioridade. Sendo assim, estamos falando do Sublime
Yang.
Dentro do Mundo da Manifestação, a Criação, no entanto, possui
tanto a interioridade quanto, e principalmente, a exterioridade (por estar
totalmente contida dentro do Tao da Criação). Para a Criação, portanto, existe
a duplicidade da existência estruturada sobre o Sublime Yang e sobre o Sublime
Yin, a Luz e a Não-Luz.
Dessa forma, podemos compreender que o Mundo da Manifestação não
apenas é totalmente estruturado pelo Mundo da Não-Manifestação como também
apresenta a Luz e a Não-Luz, o Sublime Yang e o Sublime Yin como sua
possibilidade mínima de representação.
A
partir da mesclagem entre a Luz e a Não-Luz (O Vazio), surge a Criação.
A Criação
Tudo é Mente. Tudo é Luz
realizando essa mesma mente. No entanto,
tudo é apenas mente. O Princípio
Primordial é a Consciência Cósmica, a Suprema Consciência e somente ela existe.
E existe apenas em sua absoluta interiorização, sem qualquer
exteriorização. Em sua interiorização
absoluta, toda a Criação é apenas reflexo da Mente Cósmica materializado em
Luz.
A Mente Cósmica é considerada um reflexo da condensação da Consciência Cósmica. A Consciência
Cósmica habita, digamos, o Mundo da Não-Manifestação e se objetiva através do
Mundo da Manifestação na Mente Cósmica que, por sua vez, se condensa em
matéria. Dentro da matéria, surge a mente da Criação.
Antes de mais nada, existe o Mundo da Não-Manifestação e a Suprema
Consciência. Tudo é criado a partir
desse Princípio Primordial, fazendo nascer o Mundo da Manifestação através a
Mente Cósmica, o Tao da Criação, Deus.
A Mente Cósmica é, portanto, uma parte constante e atuante do
Mundo da Não-Manifestação e do Mundo da Manifestação. Porém, a Mente Cósmica é apenas interiorizada...
Deus é absolutamente interiorizado... como reflexo da Consciência Cósmica que
apenas possui absoluta Interiorização.
A Mente Cósmica, Deus, dá berço à Mente da Criação – que é tanto
interiorizada quanto exteriorizada, tendo, inclusive, maior força na segunda
afirmação, ou seja, em sua exteriorização. A Mente da Criação já atua,
portanto, dentro do Mundo da Manifestação, trazendo a Criação: a Criação somos
nós e toda a natureza. Podemos dizer,
então, que a Mente Cósmica e a Mente da Criação pode ser bem imajadas através
Deus. Tudo isso cabe dentro da
interiorização absoluta da Suprema Consciência.
Mente
e Luz
A Mente da Criação é manifestada
através da Luz. Tudo é Luz. Toda a Criação advinda do Mundo da Manifestação
(que é oriundo do Mundo da Não-Manifestação) é o exercício da mente através da
formalização da Luz.
No entanto, essa energia mental formalizada através da Luz é tão
somente uma manifestação mental. Toda a Criação é tão somente uma manifestação
mental formalizada através da Luz. Isso é Maya.
A Luz portanto é como uma ferramenta usada pela Mente da Criação
para a realização dessa mesma Criação, em seu espelhamento da Mente
Cósmica que, por sua vez, é advinda da
Suprema Consciência.
Não apenas a Luz é a ferramenta como também é a própria matéria
prima da Criação, tanto em seu sentido de objetividade quanto em seu sentido de
subjetividade.
Luz é matéria. Sendo a Criação uma realização da Mente Cósmica,
essa manifestação de criação é realizada através da Luz.
Dessa forma, tudo aquilo que vemos na natureza - você, eu e o todo
-, são composições de Luz. Da mesma forma, tudo aquilo que não podemos ver na
natureza também são composições de Luz.
Apenas que, objetivamente, aquilo que podemos considerar como
pertencente ao Mundo da Não-Manifestação e à constância, é composto pela Luz
manifestada, o Sublime Yang. Esse Sublime Yang é manifesto através de nosso Espírito.
Enquanto que, subjetivamente, aquilo que podemos considerar como
pertencente ao Mundo da Manifestação e à eterna mutação, é composto pela
Não-Luz manifestada, o Sublime Yin. Esse Sublime Yin é manifesto através de nossa Alma.
Se pensarmos assim, podemos entender que possivelmente existirão
outros universos e níveis de Criação paralelos a este que vivemos e reconhecemos
e que poderão ser vivenciados e reconhecidos pela natureza e seres afeitos
mentalmente de acordo com estes outros universos, ou mundos.
Obviamente, ao ampliarmos mais e mais nossa mente, teremos a
possibilidade de alcançarmos e compreendermos alguns desses tantos outros
níveis da Criação.
Avançando neste campo de compreensão, também podemos inferir que,
se estamos mentalmente adequados a este universo que vivemos e conhecemos
durante a nossa chamada “vida”.... também certamente será através da nossa evolução
mental – ou não – que estaremos vivenciando e conhecendo o universo ou mundo
quando de nossa chamada “morte”.
Ou seja, ao efetuarmos nossa passagem, ao deixarmos a vida, ao
entrarmos na morte, estaremos nos colocando em alguma situação ou lugar aonde
nossa circunstância mental adquirida em vida realizou, criou, manifestou.
Possivelmente, não estaremos sozinhos não, estaremos, sim, juntos aos seres e à
natureza adequada à manifestação daquele determinado estado mental com o qual
saímos da vida para entrarmos na não-vida.
É importante se dizer que apenas ampliamos nossa mente e nossa
consciência dentro do nosso estado Yang
de ser, ao estarmos ativos e criativos, dentro da chamada vida. No estado Yin
de ser, dentro da chamada morte ou não-vida, apenas nos tornamos receptivos,
apenas restamos.
Tanto a vida quanto a não-vida, em seus momentos Yang e Yin, convivem simultaneamente. Apenas são como ondas curtas e
longas dentro de uma mesma Freqüência do dial do rádio, por exemplo. Se
estivermos plugados num tipo de onda, não estaremos interagindo com o outro
tipo. Os chamados médiuns são aqueles que interagem em ambas as ondas.
E novamente, todas estas vivências e todos estes conhecimentos,
seja dentro da Luz ou seja dentro da Não-Luz, seja dentro da chamada vida ou
seja dentro da chamada morte, seja dentro do Sublime Yang ou seja dentro do Sublime Yin.....,
são criações realizadas pela energia cósmica da Mente da Criação advinda da
Mente Cósmica, advinda da Suprema Consciência.
O
Universo e sua Forjaria de Estrelas e de Vida
Dentro do universo que denominamos de Vida, aparentemente tudo
teria começado – e esse começo seria a sintetização de um final anterior... - a partir de energias Yang e Yin concentradas dentro de um pequeno
ôvo, digamos assim. Shakespeare
denominou Universo dentro de uma casca de
noz. De tal forma essa energia se
concentrou... que explodiu naquilo que chamamos de Big Bang... e todo nosso
universo se formou a partir de então e foi se ampliando e de desenvolvendo,
concentrando essa energia espraiada em estrelas compactas e imensas que
explodiram ainda bastante jovens, deixando seus restos continuarem sua viagem e
sua expansão desse mesmo universo em tempo e espaço, formando novas estrelas e
novas vidas. E certamente, sempre
formando novos universos: o Pluriverso ou Multiverso
Nosso Sol faz parte dessa sucessão de vidas estelares, já em seu
terceiro ou quarto tempo, ou seja, faz parte dessa re-encarnação de estrelas –
e nós também! Toda a Criação assim como
a conhecemos é Poeira de Estrelas. Sendo
assim, você e eu, toda a Criação, pertencemos enquanto Espírito e Alma –
energias Yang e Yin - desde esse potencial universo existente dentro de uma casca
de noz, em seu Big-Bang, em seu espraiamento formando o tempo e o espaço,
ontem, hoje e amanhã. Somos tudo isso,
tudo isso existe dentro de cada um de nós, dentro de cada pequeno grão de areia
nesse imenso universo que nos rodeia.
E sempre temos que levar em
consideração que toda a Criação existe a partir de Deus, a Mente da Criação,
que advém da Mente Cósmica – um Deus ainda mais poderoso e que faz parte do
Umbral entre o Mundo da Manifestação e o Mundo da Não-Manifestação – tudo isso
advindo da real única existência: a Suprema Consciência, Deus da Suprema
Consciência, algo que está muito além da compreensão simples ou mesmo de
qualquer linguagem de manifestação.
Em nosso Espírito e em nossa Alma – energias primordiais de
manifestação da mente em Luz e Não-Luz, Yang
e Yin -, trazemos nossa parte desse
Deus da Criação, Deus da Mente Cósmica, Deus da Suprema Consciência – a Sagrada
Trilogia, sendo sempre apenas um único Deus, sem dúvida alguma manifestado
através de si enquanto Pai, Filho e Espírito que encarna e que traz a Criação e
que faz a Criação poder acontecer. Nós
nos encaixamos dentro do Filho. E por
isso mesmo, vamos encarnando ao longo das re-encarnações das estrelas do
universo, em Espírito e Alma, sempre, até que retornemos à Casa do Pai.
Como nos diz Srii Srii Anandamurti, a meta da vida humana – onde a
mente já se encontra em maior estágio de possibilidade de expansão infinita e
iluminada – é alcançar a Iluminação e posterior Liberação – ou seja, nos
fusionarmos com a Mente da Criação, e depois com a Mente Cósmica e finalmente,
voltarmos a pertencermos à Suprema Consciência, sempre dentro do ciclo de
eterna mutação entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação,
dentro do ciclo de Eu Farei, Eu Faço, Eu Fiz, o chamado Ciclo de Brahma, Ciclo
de Deus e sua Criação.
Mutação e Não-Mutação
Tudo sempre está em constante movimento na natureza. Essa é a
grande alquimia do universo: a eterna mutação. Na verdade, a única possível
não-mutação é a lei da sempre mutação.... Assim é no nosso Universo e no
Multiverso...
Nesse nosso Universo em que vivemos e conhecemos, o Mundo da
Manifestação nasce de uma pequena semente contendo a totalidade em potencial de
energia que, ao atingir sua plenitude de concentração, explode formando o
Espaço e o Tempo.
O começo de um universo – o momento que dá início ao espaço e ao
tempo – é o disparador do relógio de um grande ciclo da natureza. Somos parte
integrante desse ciclo, desse universo.
A partir do Big Bang, toda a matéria ou gases ejetados no espaço
a-vir-a-ser foram se condensando formando estrelas e mais estrelas.... Essas
estrelas nasceram, viveram e morreram, explodindo, expelindo mais e mais
matéria ou gases ejetados no espaço já existente e no espaço a-vir-a-ser. Essa
é a fornalha alquímica do universo: estrelas nascendo, vivendo, morrendo....
Criando mais outras estrelas, criando novos elementos químicos a cada tempo de
vida e a cada tempo de morte...
Somos parte integrante desse universo de vida e morte de estrelas:
somos feitos todos, tudo na natureza, de poeira de estrelas....
Sendo poeira de estrelas, pertencemos à totalidade do nosso
universo manifestado desde de sua explosão inicial e ainda antes, quando era o
universo ainda uma energia condensada e concentrada em uma pequena semente....
E ainda antes, quando tudo isso existia advindo do Mundo da Não-Manifestação –
ou advindo do Mundo da Manifestação, quem sabe, de algum Buraco Negro
finalizador de algum universo anterior – desde que somos parte de um
multiverso....
Sendo poeira de estrelas, pertencemos a tudo, tudo, tudo, tanto no
Mundo da Manifestação quanto no Mundo da Não-Manifestação.
Todo o universo cabe em nós. Assim sendo, somos bibliotecas vivas
da história do universo – não apenas a história relativa ao tempo e ao espaço,
mas certamente antes de tudo, antes de nada. Antes. Durante. Depois. Antes...
"Há algo completamente
entorpecido
Anterior à criação do céu e da
terra
Quieto e êrmo
Independente e inalterável
Move-se em círculo e não se
exaure
Eu não conheço seu nome
Chamo-o de Caminho
Esforçando-me por denominá-lo,
chamo-o de Grande
Grande significa Ir
Ir significa Distante
Distante significa Retornar
O Caminho é grande
O céu é grande
A terra é grande
O rei é grande
Dentro do universo há quatro
grandes
E o rei é um deles
O homem se orienta pela terra
A terra se orienta pelo céu
O céu se orienta pelo Caminho
O Caminho se orienta por sua
própria natureza" (1)
Denomina-se "rei" a consciência do universo que está por
toda parte: nós somos parte dessa consciência; é essa consciência que devemos
nos "conscientizar". Também o "rei" significa o Rei
Celeste, aquele que no Mundo da Manifestação, através da expansão da energia de
sua consciência real, cria todo o universo, sendo portanto, o próprio universo
e anterior a ele também – desde que o Rei Celeste imaja a última etapa para se
alcançar o Mundo da Não-Manifestação.
Quando o homem se torna Homem Sagrado, ele realiza dentro si a
fusão de sua consciência com a consciência do universo- a consciência real -
daí, ele se torna o "rei". Ao tornar-se "rei", ou seja,
obtendo a consciência do universo e com ela se fundindo, o homem faz parte do
equilíbrio de vida e mutação de vida do universo.... por isso é que,
inicialmente, o homem se orienta pela terra, que se orienta pelo céu, que se
orienta pelo Tao, que se orienta por sua própria natureza.....
A Simultaneidade
Se hoje somos a expressão manifestada do universo em seu processo
de mutação constante, em sua re-encarnação de estrelas – estrelas que vivem,
estrelas que morrem – então o universo não pode possuir nem tempo nem espaço:
não existem o ontem, nem o hoje, nem o amanhã. Tudo no universo é realizado
dentro da simultaneidade, tudo acontece ao mesmo tempo, ao mesmo espaço – mesmo
que um dia tudo aparentemente tenha começado e um dia aparentemente tudo haverá
de terminar....
E ao terminar, tudo começa novamente abrindo novo universo, novo
tempo e espaço, novas constantes mutações de gases, matérias, elementos,
estrelas, planetas, natureza, seres, mentes e corações....
"O retorno é o movimento
do Caminho" (2)
Quando eu olho para o céu estrelado, eu penso: eis o passado nesse
meu aqui e agora! Ao mesmo tempo sei que tudo no universo está andando, está em
movimento, e o movimento sempre leva ao futuro! Assim, passado, presente e
futuro estão entrelaçados, fusionados numa simultaneidade cósmica, no não
tempo, no não espaço....
Então, tudo no universo parece nos trazer um certo sentimento de
ilusão, ou melhor, um certo sentimento de espanto, não é mesmo? Embora eu saiba
que tudo está lá, que tudo existe, será que tudo está lá mesmo? Será que tudo
existe mesmo? Com o par de binóculos ou com um telescópio, eu aponto para o
céu, vejo estrelas que ainda sorriem para mim, piscando seus olhos provocativos
e sedutores.... será que elas estão lá mesmo? Será que a Terra já existia
quando aquela luz para a qual eu apontei deixou aquela estrela e começou sua
andança pela vastidão do tempo e do espaço?
Eu posso estar olhando a estrela... e quem sabe, ela nem exista
mais!
Sendo assim, estou olhando a estrela que existiu no passado e que
não existe mais porém existe sim porque posso vê-la por inteiro diante de mim
encravada no céu estrelado, ao mesmo tempo que em todo meu corpo existem
pedaços daquela mesma estrela... quem sabe?
Retomando a lenda contada logo no início desse livro....:
"Do barro que sobrou,
K’un (A Terra) começou a fazer seus próprios filhos... E usou um pouquinho
do barro daquela estrela que havia ficado na terra, que não fôra para o céu,
para fazer o coração dos seres e de toda a natureza.
K’un quis dar a seus filhos o
sentimento de poderem olhar para as estrelas e o resto da natureza do universo
como se fizessem parte desse todo.... e fazem, de coração e mente.
Assim, em nosso coração, bate aquele minúsculo pedaço de barro –
que é a nossa parte nas estrelas e no universo.
"O que quero que me
distinga dos demais
é valorizar o alimentar-se da
Mãe." (3)
Sincronicidade e Arquétipo
Essa é a constante mutação do universo, essa é a imortalidade do
universo. Essa é a simultaneidade do
universo.
Essa simultaneidade é a base estrutural do conceito fundamental da
relação céu e terra: a sincronicidade:
assim é na Terra como no Céu.
Sendo o universo simultâneo – embora contendo o tempo e o espaço
que fazem acontecer o passado, o presente e o futuro – também toda a história
do universo é compreendida por todo o universo, de si para si mesmo.
Sendo parte integrante da constante mutação desse universo, tendo
dentro de nós, em nosso corpo, em nossa mente, em nosso espírito, em nossa
alma, em toda a natureza, toda a alquimia realizada pelo tempo e espaço....
temos então toda a história do universo já contida dentro de nós, passado,
presente e futuro...
Assim, o conceito inicial da sincronicidade nos remete ao conceito
do arquétipo: o universo é simultâneo e habita dentro de cada um de nós. Todo o
universo está contido dentro de nós - a perfeita interiorização – ao mesmo
tempo que todo o universo está contido fora de nós – a perfeita exteriorização.
A fusão desses dois elementos, a interiorização e a exteriorização, nos traz o arquétipo.
O arquétipo é a estruturação da verdade traduzida em linguagem que
habita em meu interior – o universo dentro de mim – confirmada com o que a
natureza ao meu redor me diz – o universo exterior a mim.
Consciente e Inconsciente,
Mestre e Discípulo
O que eu tenho dentro de mim, aquilo que faz parte da eternidade,
da historia original do tempo e do espaço - é o meu inconsciente.
O que eu tenho exterior a mim, que são o próprio tempo e espaço
representados como o universo do aqui e agora - é o meu consciente.
Ao consultar o Livro das Mutações em busca de uma resposta para uma
questão importante, eu estou, conscientemente, à procura das verdades contidas
em meu inconsciente, verdades estas que serão traduzidas através de um
Hexagrama ou dois, de nenhuma ou de alguma ou algumas Linhas a serem compreendidas
e analisadas.
Assim é o oráculo: através da sincronicidade da relação céu e
terra, os arquétipos que imajam essa relação surgem para traduzir, em
linguagem, o inconsciente para o consciente
.
O inconsciente é o Mestre O consciente é o Discípulo.
O I Ching, O Livro das Mutações , é o Mestre. O Discípulo, sou eu.
Dessa forma, em mim existem o Mestre e o Discípulo – desde que todas as
verdades do universo contidas no I Ching estão dentro de mim....
Como já vimos anteriormente, existem Linhas designativas para o
Mestre e para o Discípulo, a quinta (Trigrama do Céu) e a segunda (Trigrama da
Terra) Linhas do Hexagrama, respectivamente.
Vimos também que o Homem se encontra, em todos os momentos do I
Ching, realizando o religare entre o
Céu e a Terra:: O Princípio Primordial é o próprio Tao; Te. O Tesouro do
Espírito, é O Conhecimento, A Sagrada Leitura; e o Mestre é aquele que se situa
entre o Céu e a Terra, realizando o Tao
e o Te, O Caminho e A Virtude.
O Mestre é aquele que encarna homem, vive o Tao e o Te, O Caminho e a
Virtude, ao longo de sua vida, e ao sair da encarnação, já é o Homem Sagrado,
aquele que atingiu a Iluminação, pronto para o alcance da Imortalidade.
........, quem segue e realiza
através do Caminho
adquire o Caminho
Quem se iguala à Virtude
adquire a Virtude" (3)
Pressupostos para a
fundamentação primordial do homem
em relação à expansão de sua
mente e de sua vida:
- A compreensão de que é o
de que tudo sob o Tao da Criação encontra-se em Eterna Mutação e realiza-se de
forma cíclica e que somente a Suprema Consciência é imutável.
- A compreensão de que
somente a Consciência Suprema é inteiramente interiorizada. Tudo sob o Tao da Criação é interiorizado e
exteriorizado.
- A compreensão de que o
Espaço/Alma/Sublime Yin é da ordem da duração, tem seu começo, seu meio e seu
final que leva a cumprir um ciclo e a dar início a um novo ciclo. E a compreensão de que o
Tempo/Espírito/Sublime Yang é da ordem da constância, não tem começo, nem meio
e nem final e se aparentemente cumpre seus ciclos é porque esses ciclos são
realizados a partir do Espaço/Alma/Sublime Yin.
- A compreensão de que tudo
é efêmero e cíclico (dentro do Ciclo de Brahma em menor, média ou maior escala)
sob o Tao da Criação e dentro do Mundo da Manifestação. E a compreensão que, na verdade, existe
apenas a eternidade da mente e da vida - todos advindos da Mente Cósmica que,
por sua vez, é fusionada à Suprema Consciência, dentro do Mundo da
Não-Manifestação.
- Finalmente, a compreensão
de que em nosso Espírito e em nossa Alma – energias primordiais de manifestação
da mente em Luz e Não-Luz, Yang e Yin -, trazemos nossa parte desse Deus
da Criação, Deus da Mente Cósmica, Deus da Suprema Consciência – a Sagrada
Trilogia, sendo sempre apenas um único Deus, sem dúvida alguma manifestado
através de si enquanto Pai, Filho e Espírito que encarna e que traz a Criação e
que faz a Criação poder acontecer. Nós
nos encaixamos dentro do Filho. E por isso
mesmo, vamos encarnando ao longo das re-encarnações das estrelas do universo,
em Espírito e Alma, sempre, até que retornemos à Casa do Pai.
Podemos, então, compreender que existe vida em toda a Criação. E podemos também compreender melhor sobre
essa vida a partir de nossa própria expansão de mente. Dessa maneira, o homem possui esse imenso
privilégio de expansionar sua mente e dessa forma, poder compreender melhor o
universo que o rodeia e também a si mesmo.
......................................
Tao Te Ching, O Livro do Caminho
e da Virtude – Lao Tsé
(1) Capítulo 25
(2) Capítulo 40
(3) Capítulo 20
(4) Capítulo 23
Tradução de Wu Jyh Cherng –
Editora Ursa Maior

Hexagrama Primordial e Hexagrama Complementar
A Transmutação das Linhas Yang e/ou Yin em suas Plenitudes
O Oráculo
Através da sincronicidade da relação céu e terra, os arquétipos que
imajam essa relação surgem para traduzir, em linguagem, o inconsciente para o
consciente.
"O inconsciente é estruturado como uma linguagem", nos
diz Jacques Lacan, filósofo e psicanalista, discípulo de Sigmund Freud, o
formalizador da psicanálise onde o consciente, e fundamentalmente o
inconsciente, são estruturados e revelados.
Vimos também que O I Ching é o Mestre e nós somos o Discípulo que
procura seu Mestre, seu inconsciente, para que suas verdades sejam reveladas ao
nosso consciente.
Então, sempre que consultamos o I Ching como um oráculo, estamos
nos dirigindo ao mestre que existe dentro de cada um de nós. Dessa forma, o
momento da consulta ao nosso mestre interior, ao I Ching, deve ser um momento
de reverência, de plena paz e interiorização. É certamente um momento de
receptividade às revelações da mestria de nosso inconsciente e ao mesmo tempo
de abertura à essas revelações bem como de ampliação da nossa consciência no
sentido de compreender, apreender e analisar mais profundamente aquilo que nos
está sendo revelado.
É importante sabermos que o I Ching nunca erra.... possivelmente
erramos nós – ou o subestimamos ou não o compreendemos - ao interpretá-lo.... O
inconsciente sempre sabe.... O consciente tem que aprender a aprender a
saber...
A Transmutação das Linhas Yang e/ou Yin em suas Plenitudes
Estamos diante de um Hexagrama a nós revelado pelo Mestre do I Ching, o Livro das Mutações, e esse Hexagrama foi por
nós obtido ou através o manuseio das varetas de mileofólio ou de bambu ou
através do ato de lançar as 3 moedas.
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama sem quaisquer Linhas
Mutáveis.
Pode ser que tenhamos obtido um Hexagrama com uma Linha Mutável ou
mesmo com outras Linhas Mutáveis.
No primeiro caso, a leitura e
a interpretação do Julgamento e da Imagem bem como dos Trigramas Nucleares
(podendo incluir o Hexagrama Nuclear, por que não?) - e não podemos nos
esquecer dos Mapas dos Mundos da Manifestação e da Não-Manifestação, os
Atributos de todos os Trigramas envolvidos...., tudo isso é essencial e a resposta oracular do
Mestre do I Ching está contida apenas dentro dessas questões - não sendo
necessária a leitura e interpretação das Linhas pois que estas não apresentaram
quaisquer mutações.
No segundo caso, é
fundamental que se proceda como dito acima, apenas que teremos que incluir a
leitura e a interpretação das Linhas Mutantes, as Linhas Mutáveis, as Linhas
que apresentaram a culminância ou do Sublime Yang ou do Sublime Yin e que
precisam encontrar suas transmutações.
Quando isso
acontece, é formado um novo Hexagrama e este pode ser considerado o Hexagrama
Complementar ou Desdobrado, ou seja, a continuidade, a complementariedade do
Hexagrama considerado Original ou Primordial.
Linhas Mutantes:
Pontes a serem Trilhadas
Portanto, as
Linhas Mutantes apresentadas no Hexagrama Original são fundamentais para a
compreensão da movimentação, da mutação de um Hexagrama Original para um
Hexagrama Complementar ou Desdobrado: as Linhas agem enquanto Pontes, digamos
assim, entre um Hexagrama e outro. E
estas Pontes (ou Ponte, caso seja apenas uma única Linha Mutável) também devem
ser lidas e interpretadas e trilhadas pelo Caminhante que realizou a consulta
oracular - porque as Linhas são ações objetivas e definidas pelo Mestre no
sentido de serem atuadas, diretamente ou indiretamente, objetivamente ou
subjetivamente, por aquele que procura pelo Oráculo.
Sempre que uma Linha aparece enquanto Mutante é porque este Texto
apresentará um Tema que encontrou sua Plenitude - seja em termos Yang ou Yin -
e que, por esta razão, deverá realizar um novo Hexagrama - o Hexagrama
Complementar ou Desdobrado - de forma que o Mestre possa dar continuidade,
complementariedade a aquilo que quer fazer passar através o Oráculo.

Trabalhando a Mutação
Exemplo de Hexagrama Original
obtido
O Vento recebe o Fogo,
formando Ting, O Caldeirão
_______
___ ___
_______ Li, o Fogo, o Aderir, a
Lucidez, o Sol, o Espírito
_______
_______
___ ___ Sun,
o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante
Em Ting, o Caldeirão, existe o Fogo e a Madeira e o Vento, fazendo
com que estes realizem a transmutação dos alimentos que serão servidos aos
seres e aos deuses em utensílios próprios para tanto. Em bem se prestando atenção ao Trigrama da
Terra, podemos visualizar os pés do Caldeirão e seu bojo, o lugar do Vazio que
acolhe o cozimento e, no Trigrama do Céu, podemos ver as alças do Caldeirão!
Quando o homem está em processo de realização de seu Caminho da
Iluminação, ele pode ser representado como um Caldeirão: seu corpo físico é o
próprio Caldeirão que estará sofrendo as mutações da mente em consciência
infinita e iluminada e do corpo, em Corpo de Luz, infinito e iluminado.
Suponhamos que conservaremos o Trigrama da Terra incólume - sem
Linhas Mutantes - mas que obteremos Três Linhas Mutantes
no Trigrama do Céu, as Quarta e Quinta e Sexta Linhas.
Linha
Mutante _______
Linha Mutante ___ ___
Linha Mutante _______ Li, o Fogo, o Aderir, a Lucidez, o
Sol, o Espírito
_______
_______
___ ___ Sun, o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante
Sendo assim, estaremos encontrando os Textos do Julgamento, da
Imagem e das Linhas Mutantes que compõem o Trigrama do Céu:
No Texto do Julgamento, o I Ching diz: O Caldeirão. Suprema Boa
Fortuna. Sucesso.
No
Texto da Imagem, o I Ching diz: O Fogo e a Madeira: a Imagem
do Caldeirão.
Assim, o
homem superior, corrigindo sua posição, consolida seu destino.
No Texto da Quarta Linha, se lê:
Nove na
quarta posição: O Ting com as pernas quebradas.
A refeição do príncipe é derramada e nódoas recaem sobre sua
pessoa. Infortúnio.
O comentário sobre esta Linha diz: Isso indica uma desastrosa
divergência entre o caráter e a posição, entre o saber e as aspirações, entre a
força e a responsabilidade. Esta divergência
acontece entre as Primeira e Quarta Linhas, o começo do Trigrama do Céu e do
Hexagrama e o começo do Trigrama do Céu - sendo que a Primeira Linha é Yin e
idealmente incorreta e aponta para o Caldeirão com pernas para o alto, tendo
que ter o conteúdo estagnado a ser removido.
No Texto da Quinta Linha, se lê:
Seis na
quinta posição: O Ting tem alças
amarelas e argolas de ouro. A
perseverança é favorável. A Quinta Linha é a Governante do Hexagrama,
juntamente com a Sexta Linha.
No Texto da Sexta Linha, se lê:
Nove na
sexta posição: O Ting tem argolas de
jade. Grande boa fortuna! Nada que não seja favorável.

Alguns Comentários sobre o Hexagrama Original
e sobre as Linhas Mutantes
A meu ver, fica claro que a
Quarta Linha apresenta um tom de algo que precisa ser refeito, recuperado,
corrigido, de forma que as premissas para as Quinta e Sexta Linhas sejam
realizadas - porque o Caminhante e a situação expostas ao Oráculo já possuem,
potencialmente, a iluminação desejada para realizar a perseverança e para
garantir a boa fortuna que o Hexagrama prevê, no Julgamento. Para tanto, também o Texto da Imagem diz que
é para o homem superior corrigir sua posição de forma a bem consolidar seu
destino.
Alguns Comentários
sobre os Trigramas Nucleares
inseridos em Ting, o Caldeirão
Todas as Linhas do Caldeirão tendem à ascensão em função do fato de
que Sun, o Vento, e Li, o Fogo, possuem movimentos ascendentes e se fusionam
com Tui, o Lago, e com Ch’ien, o Céu -
Trigramas Nucleares inseridos - que também possuem movimentos ascendentes!
Ch’ien, o Céu, fusionado com Sun, o Vento, traz uma dimensão mais
ampliada ao alimento contido no Caldeirão, Ting, e Tui, o Lago, Espelha o Céu
na Terra, fusionando-se com Li, o Fogo, o Sol, que é a herdeira direta de
Ch’ien, o Céu - sendo assim, o alimento do Ting, o Caldeirão, é algo que
pertence ao mundo da manifestação e ao mundo da não-manifestação.
_______
___ ___ ___ ___
_______ _______ _______
_______ _______ _______
_______ _______
___ ___ Tui,
o Lago
Ch'ien,
o Céu
Ting,
Caldeirão
Em termos de Imagem propriamente dita do Caldeirão em si,
encontraremos Tui, o Lago, a Alegria, realizando enquanto a parte superior do
Caldeirão, o lugar onde as alças são colocadas de forma que este utensílio
possa vir a ser movimentado, do fogão para a mesa, da mesa para a pia... E encontraremos Ch'ien, o Céu, realizando
enquanto a parte bojuda, a vasilha
propriamente dita do Caldeirão, o Vazio que recebe os alimentos a serem cozidos
e a serem servidos aos seres.
Sendo assim, Ch'ien, o Céu, traz sua força de criação ao alimento
servido no Caldeirão enquanto Tui, o Lago, traz sua alegria para a movimentação
do mesmo, sendo levado a saciar a forme dos seres.
Em termos mais espirituais
e transcendentes, vemos que Tui, o Lago, é o Espelho do Céu e este Céu, Ch'ien,
encontra-se estruturando e trazendo a Força da Vida e da Energia Yang a este
Espelho do Céu. Sendo assim, é no
Caldeirão que a alimentação dos seres acontece, seja de forma mais objetiva ou
seja de forma mais subjetiva.
O Hexagrama Nuclear inserido em Ting, o Caldeirão
Os Trigramas Nucleares inseridos apontam para radiosa ação de força
no sentido ascendente das Linhas e o Hexagrama Nuclear inserido - Kuai,
Irromper - apresenta o último momento em que a Não-Luz de K'un, a Terra, permanece...
até que finalmente, entre em cena o Hexagrama Ch'ien, o Céu, o Criativo, a Luz,
o Verão. A Supremacia das Linhas
Luminosas retorna. Kuai, Irromper, é o último Hexagrama sendo formado antes de K'un,
a Terra, encontrar-se com Ch'ien, o Céu, e realizar o Caminho do Céu.
Kuai, Irromper, Determinação, nos revela a retirada da Linha Yin,
do princípio da Não-Luz em face à ascensão e elevação das Linhas Yang. A única Linha Yin que resta é a Linha
significativa do sorriso, da boca entreaberta, da flor de lótus que se abre,
são as palavras, é a linguagem. Tui, o
Lago, é o espelho do Céu. A única Linha
Yin é o Vazio que recolhe o Céu e o coloca na Terra.
___ ___
_______
_______ Tui, o Lago
_______
_______
_______ Ch'ien, o Céu
Kuai, Irromper
O I Ching se refere à Linha Yin, de K'un, a Terra, como Linha
Obscura, Linha da Obscuridade.
Nesse aspecto, o Hexagrama Kuai, Irromper, A Determinação, nos fala
da vitória do Bem sobre o Mal. O Bem
está representado pelas Linhas Yang que avançam triunfalmente através o
Hexagrama, e o mal está representado pela Linha Yin, que se retira, do alto do
Trigrama do Céu.
Em termos da presença de Kuai, Irromper, A Determinação, contido
dentro das Linhas do Hexagrama Caldeirão, podemos perceber que existe,
realmente, a atitude de limpeza deste utensílio de forma a poder novamente
fazer caber a alimentação objetiva e/ou subjetiva dos seres.
Por tudo isso, no I Ching, podemos ler: Irromper significa Determinação. O forte volta-se decidido contra o
fraco. O caminho do homem superior está
em ascensão; o caminho do homem inferior leva à tristeza.
Alguns Comentários
sobre o Hexagrama Complementar ou Desdobrado
Quando encontramos a Transmutação das Três Linhas do Trigrama do
Céu, estaremos diante de Ching, o Poço, Água sobre Vento, o Hexagrama
Complementar ou Desdobrado que foi acionado pela Ponte realizada pelas Linhas
Mutantes:
O Vento recebe a Água,
formando Djin, O Poço
___ ___
_______
___ ___ K’an,
a Água, o Abismal, o Perigo, a Sabedoria, a Alma
_______
_______
___ ___ Sun,
o Vento, a Madeira, a Suavidade, o Penetrante
A realidade intrínseca no Poço e no Caldeirão é que ambos possuem o
Vazio - assim como o Homem Sagrado.
Sendo assim, podem todos sempre estar doando a vida e o alimento de
maneira infinita e iluminada.
Tanto o Poço, Ching, quanto o Caldeirão, Ting, são Hexagramas que
‘materializam algo”. Algo que é
manufaturado, construído, através as mãos do homem. No entanto, em o Poço, Ching, vemos que sua
grande Virtude é que sempre ele estará lá, em seu mesmo lugar, o lugar onde a
água pode ser encontrada e trazida até os seres. Todos vivem em torno a um poço. Com o Caldeirão, Ting, é diferente: o
utensílio pode ser encontrado em cada uma das casas dos homens.
Doação de Água e doação de Alimento: a Vida agradece - assim são O
Poço, Ching, e O Caldeirão, Ting.
Ambos os Hexagramas demonstram como o homem superior pode sair ao
encalço de seu Tao e se tornar um ser iluminado: dando de beber a si mesmo e ao mesmo tempo, doando essa mesma água para
quem quiser vir buscar (tendo a Água de O Poço o Atributo de Sabedoria); e
cozinhando o alimento para si mesmo, dentro do Caldeirão que o acondiciona, ao
mesmo tempo que doando este alimento a quem queira vir buscar (porque o Fogo
sempre aceso e aderido à Madeira e soprado pelo Vento tratam de sempre estarem
realizando a Virtude da Transmutação).

Alguns Comentários sobre todas as Questões
expostas pelo Mestre do I
Ching
A meu ver, o Caminhante e a situação exposta ao Oráculo, precisam
ter a consciência de seus valores intrínsecos - ou seja, a alimentação objetiva
ou subjetiva que Ting, o Caldeirão, o Hexagrama Original, fala - mas que
existem questões divergentes entre o caráter e a posição, entre o saber e as
aspirações, entre a força e a responsabilidade e tudo isso precisa ser
conscientizado e reparado de forma que o Caminhante e a situação exposta possam
consolidar seus destinos.
Os Trigramas Nucleares inseridos apontam para radiosa ação de força
no sentido ascendente das Linhas e o Hexagrama Nuclear inserido - Kuai,
Irromper - apresenta o último momento em que a Não-Luz de K'un, a Terra,
permanece... até que finalmente, entre em cena o Hexagrama Ch'ien, o Céu, o
Criativo, a Luz, o Verão. A Supremacia
das Linhas Luminosas retorna.
Quando entra em cena o Hexagrama Complementar ou Desdobrado, em
Ching, o Poço, veremos que tornou-se possível o Caminhante e a situação exposta
realizarem os reparos de forma que corrigissem seus caminhos, seus destinos, e
assim fazendo, podem encontrar-se diante de uma situação onde prevaleça o
sentido da união e de trabalho comunitária e da movimentação necessária de
pessoas e residências porém sem mudarem o centro essencial e doador e
possibilitador e organizador de tudo.
Em Ting, o Caldeirão, fala-se de alimentação no sentido da
preparação deste alimento, no sentido de sua transmutação. Em termos mais elevados, fala-se do trabalho
espiritual a ser realizado pelo homem superior que possui a lucidez de assim se
conscientizar.
Em Ching, o Poço, fala-se da água necessária para a alimentação, a
água necessária à vida. Em termos mais
elevados, fala-se da sabedoria que faz parte do homem superior e que pode e
deve ser doada a todos.
Devemos nos lembrar que o Trigrama da Terra, em Sun, o Vento, a
Madeira, continuou sempre o mesmo, ou seja, sempre trazendo o ar e a madeira
para atiçar o fogo do Ting que prepara o alimento ou para conter a água em si
ou para se tornar o balde ou a corda que apanham a água em Ching, o Poço. No entanto, mudou Li, o Fogo, a Lucidez, a
Consciência para abraçar K’an, a Água, o
Abismal, a Sabedoria. A transmutação se
deu entre Consciência e Sabedoria, a transmutação se deu entre Sol e Lua, entre
Alma e Espírito, entre herdeiro da luz do Pai e herdeiro da Não-Luz da Mãe.
Na verdade, esta transmutação de Linhas do Trigrama do Céu tornaram
o Caminhante e a situação exposta ainda mais enriquecidos e plenos, não é
verdade?
Ting, o Caldeirão, apresenta um utensílio enquanto Ching, o Poço,
apresenta uma construção. São as duas
únicas imagens dentre as 64 imagens formadas no I Ching que tratam de situações
realizadas pelos homens.
Portanto, este Oráculo, como um todo, trata das situações
realizadas pelos homens, tanto em suas pluralidades quanto em suas
singularidades - porque Ting, o
Caldeirão, pode ser compreendido em termos de trazer a pluralidade dos
utensílios enquanto que Ching, o Poço, é um só, possui sua singularidade. Ting, o Caldeirão, pode ser movimentado de cá
para lá e de lá para cá - indo em busca, em direção aos seres e aos homens, na
natureza; enquanto Ching, o Poço, não pode ser movimentado, ao contrário, fica
sempre onde a água está e são as pessoas e as cidades e as situações que se
movimentam ao seu redor.
Por tudo isso, podemos imaginar que a pergunta feita pelo
Caminhante expondo uma situação ao Mestre do I Ching, refere-se a como integrar
e bem conscientizar-se sobre suas divergências de ações e de reações - em
termos de seu mundo pessoal, de sua singularidade, e em termos de seu mundo
social, de sua socialiabilização, de sua pluralização - e como reparar estas
questões e como integrar todas essas reparações ao seu caráter sendo formado de
forma a bem corrigir seu encaminhamento de vida.
É possível que o Caminhante e a situação exposta atuem - mesmo que
com divergências entre a pessoalidade e a socialidade - em meio a muita
pluralidade de ações e possivelmente diversificadas também em suas produções e
na distribuição das mesmas; e me parece que o I Ching diz que tudo é muito
importante, sim, e grandioso, sim, porém precisa encontrar um lugar fixo de
forma que esta pluralidade de ações possa ser mais bem realizada e assim,
encontrando a boa fortuna e fazendo acontecer uma maior reunião dos seres em
torno do trabalho realizado.

Algumas Recomendações e Alguns
Exemplos
Ao Lidarmos com O Oráculo
Imagens - Textos do Julgamento e da Imagem -
Usando o Discernimento
Imagens
Antes de mais nada, é preciso que olhemos as imagens reveladas
pelos Hexagramas tanto com os nosso olhos da razão quanto com os da emoção e
sentimento: isso nos trará a percepção mais interiorizada para desenvolver
nossos insights, nossas compreensões
que nos perpassam como um raio de luz....
Muitas das vezes, nossa resposta vem já transparecida através da
própria imagem do Hexagrama, seja da superposição das duas imagens reveladas
pelos Trigramas da Terra e do Céu, seja pelo próprio desenho que essas Linhas
formam.... e nem sempre essas revelações estão textualizadas no Hexagrama!
Certa vez uma amiga minha me pediu para ver se O I Ching lhe dizia
se estava grávida ou não.... Eu estava em uma cidade na serra e ela à beira mar
e portanto, realizei a consulta longe da consultante... Obtive o Hexagrama Chung Fu, Verdade Interior; Tui, O Lago,
recebendo a visita de Sun, O Vento.
Neste Hexagrama, podemos ver duas Linhas Yang
e contínuas nas duas extremidades e duas Linhas Yin e vazadas no interior: a idéia de que algo está contido,
velado, ainda não revelado
_______
_______
___ ___
___ ___
_______
_______
Chung Fu, Verdade
Interior
Certamente este texto nos fala sobre o Ovo Cósmico que a tudo
contém no universo.... Porém a própria forma das Linhas imajarem-se já nos traz
a resposta... bem como o próprio nome do Hexagrama em questão: Verdade
Interior. Sim, minha amiga estava realmente grávida!
Em outra vez, consultei o I Ching perguntando-lhe sobre onde seria
o melhor lugar para a minha casa, para eu viver e enraizar... A resposta que me
veio foi o Hexagrama Ta Yü, Grandes Posses, A Grande Conquista: Ch’ien,
O Céu, recebendo a visita de Li, O
Fogo.
_______
___ ___
_______
_______
_______
_______
Ta Yü, Grandes
Posses, A Grande Conquista
Esse Hexagrama, entre outras tantas coisas, nos diz que o lugar é
longe, é distante da urbe, da cidade, dos grandes centros – isso porque o Céu está no Trigrama da Terra e o Fogo, O Aderir, no Trigrama do Céu; nos fala sobre reunião das pessoas em
torno de uma idéia também relacionada às coisas do céu...
Quase uma mesma noção nos é trazida pela reunião desses mesmos
Trigramas, do Céu e do Fogo, porém invertidos em suas posições
dentro do Hexagrama, formando então T’ung
Jen, Comunidade entre os Homens, Companheirismo, Li, O Fogo, recebendo a
visita de Ch’ien, O Céu.
_______
_______
_______
_______
___ ___
_______
Tung Jen, Comunidade entre os Homens
Em T’ung Jen, Comunidade
entre os Homens, Companheirismo; o
Fogo, Li, O Aderir, encontra-se no Trigrama da Terra, tendo Ch’ien, O Céu, como Trigrama do Céu.
Neste caso, a reunião se dá perto dos grandes centros, das grandes cidades....
A realidade é que, depois de alguns anos e de muitas buscas, eu me
deparei com um lugarzinho bem longe dos grandes centros.... Esse lugar
tornou-se o Sitio das Estrelas, no interior das Minas Geraes, onde vivo e
compartilho meu espaço com as pessoas desejosas de conhecerem as estrelas do
céu e as estrelas de seus corações, um lugar de paz e de meditação...

Textos do Julgamento e da Imagem
e Textos das Linhas
Obviamente, não apenas podemos nos apegar aos desenhos das Linhas
que compõem o Hexagrama bem como à superposição das imagens, formando então,
uma segunda ou terceira idéias.... Sempre os textos do Julgamento são
essenciais à nossa leitura e compreensão da situação sendo "julgada"
ao mesmo tempo que as Imagens também nos auxiliam enormemente na compreensão do
Hexagrama como um todo.
Em relação ao texto das Linhas, em cada Hexagrama que obtivermos, a
Linha ou Linhas a serem lidas serão aquelas indicadas pelas Linhas de Mutação,
contínuas ou vazadas.
A Linha ou Linhas mutáveis serão aquelas que indicarão, de uma
forma geral, a situação em si da questão bem como a forma de ação a ser
empregada para dirimir a questão em foco.
A verdade é que, na imensa maioria dos casos, ao consultarmos o
Oráculo, obteremos um Hexagrama com Linhas mutáveis, ou seja, não apenas nos
enredaremos na apreensão da sabedoria revelada por esse mesmo Hexagrama como
também teremos a Linha ou Linhas para nos indicar os caminho a serem tomados
dentro da dita situação, e além de tudo, a Linha ou Linhas mutáveis nos levarão
a engendrar um novo Hexagrama que nos trará uma lição de continuidade –
anterior ou posterior - à situação obtida com o primeiro Hexagrama

Hexagrama Original e Hexagrama Complementar
A meu ver, existem duas grandes dificuldades quando estamos diante
dos Hexagramas do I Ching:
A primeira delas é bem compreender os textos e suas essências e
aquilo que está nos sendo reservado enquanto resposta do Mestre do I Ching - em
termos do(s) Hexagramas recebidos em uma consulta oracular, de seu(s)
Julgamento(s), de sua(s) Imagens e de suas possíveis Linhas Mutáveis.
Em meu livro O Fio da Meada, minha intenção é a de ajudar os
Caminhantes nesta empreitada... porque vejo que o bom caminho é ir aprofundando
os conceitos que foram sendo percebidos pelos antigos filósofos chineses ao
conceberem a estrutura fundamental do Tratado das Mutações.
Wu Jyh Cherng, ao interpretar o Capítulo 31 do Tao Te Ching, de Lao
Tse, nos diz, quanto às suas seguintes frases:
O Homem Venerável, na
residência, honra o esquerdo
Na utilização da arma, honra o
direito
“No I Ching, o Homem Venerável é traduzido como o Homem Superior,
o Homem Sábio, aquele que é respeitado e venerado. A sabedoria é o reflexo da vivência do
Tao. O Homem Venerável é aquele que é
capaz de seguir o Caminho da Realização através de uma consciência praticada em
vida, no cotidiano, de uma maneira iluminada, lúcida, que faz com que a pessoa
possa cada vez mais alcançar uma dimensão de compreensão mais ampla, mais sutil
e mais perfeita. E, como conseqüência
dessa ampliação da consciência, desse aperfeiçoamento da consciência e da
vivência prática, do cotidiano, todos os seus gestos são sábios, naturalmente. E por isso, Ele é venerado e respeitado como
Homem Superior.
“na residência” é o contrário da ‘utilização da arma’. A utilização da arma é uma atitude que
permite a ação clara e objetiva. ‘na
residência’ é uma atitude passiva. Na
residência, fica-se no interior. Na
utilização da arma, sai-se para fora.
O estado passivo, no recolhimento, na interiorização, honra-se o
lado esquerdo. O lado esquerdo de nosso
corpo está relacionado com o lado direito do nosso cérebro. O lado direito do cérebro é o lado intuitivo,
contemplador, suave, Yin, da nossa vida.
O lado esquerdo é ligado ao racional, ao ativo, à ação, à objetividade.
Essas duas frases deixam bem claro que na hora da ação temos que
ter objetividade. Na hora da inação,
temos que ter a subjetividade. É preciso
sabermos trabalhar as duas coisas. “
A segunda grande dificuldade que temos que lidar quando estamos
diante dos Hexagramas obtidos em nossas Consultas oraculares ao Mestre do I
Ching é o fato de que
- Será quando o Hexagrama
Inicial, Primordial, é realmente a base que nos traz a resposta à nossa
indagação... e o Hexagrama Complementar ou Desdobrado é realmente a
continuidade de nossa indagação?
- Ou seja, será quando o
presente é realmente presente e apenas passado - ou mesmo já uma antevisão do
futuro?
- Será que o Hexagrama Inicial
está nos apresentando o Presente ou o Passado ou já uma preparação para o
Futuro?
- Será que o Hexagrama Inicial está
simplesmente nos apresentando a situação como ela é e o Hexagrama Desdobra
está, então, nos apresentando o cerne da questão em sua continuidade ou o ‘por
causa de’ do Hexagrama Inicial?
- Será que o Hexagrama Desdobrado é a
continuidade do Passado ou do Presente apresentados no Hexagrama Inicial - ou
mesmo a continuidade da preparação do Futuro já apresentado no Hexagrama
Inicial?
- Será que o Hexagrama
Inicial vem nos apontar uma motivação mais oculta ou menos exposta, mais
inconsciente ou menos consciente, e a verdadeira resposta à nossa indagação ao
Oráculo encontra-se no Hexagrama Desdobrado?
- Será que o Hexagrama
Desdobrado é o verdadeiro porquê da nossa indagação oracular?
Enfim: muitas das vezes - e
fundamentalmente quando recebemos os dois Hexagramas que se unem à Montanha, o
Mestre, em sua Quietude no Trigrama do Céu, Exterior, e nos apresentam a
Clareza da Consciência no Trigrama da Terra, Interior, com Li, o Fogo; e a
energia vital do Sopro, com K’an, a Água: em Graciosidade e Insensatez Juvenil
- eu vejo que esses Hexagramas nos revelam uma motivação mais oculta e menos
exposta, mais inconsciente ou menos consciente de nossa indagação
oracular. E mais: muitas das vezes, penso que estes Hexagramas
primeiramente nos dão uma certa puxada de orelha, sim, mas depois nos dizem
aquilo que querem nos dizer - caso haja um Hexagrama Complementar ou
Desdobrado, com Linhas Mutáveis no Hexagrama Original.
Um Exemplo de Hexagrama Original e seu
Desdobramento
Continuarei a usar o exemplo acontecido comigo mesma, ou seja, do
Hexagrama Ta Yü, Grandes Posses –
quando a pergunta era: onde devo morar e viver? Não é muito comum se tirar
cinco Linhas mutáveis dentro de uma mesma consulta oracular, porém, foi o
resultado que eu obtive!
_______ Linha
Yang e mutável
___ ___ Linha
Yin e mutável
_______ Linha
Yang e mutável
_______
_______ Linha
Yang e mutável
_______
Linha Yang e mutável
Ta Yü, Grandes Posses
Em primeiro lugar, podemos observar que a única Linha que não foi
mutável (e portanto não se transformou em sua oposta) foi a Terceira Linha do Trigrama da Terra.
Wu Jih
Cherng, em seu Livro I Ching, Alquimia dos Números, traz em sua Chave da Interpretação, a questão das
Linhas Mutáveis a serem lidas no Hexagrama.
Segundo ele, até duas Linhas, é bem possível que estas não estejam
divergentes e podem ser consideradas em suas leituras e interpretações. A partir de três Linhas Mutáveis, o conselho
é ler inteiramente o Hexagrama Original e ir diretamente para o Hexagrama
Complementar ou Desdobrado.
No entanto, eu penso que sempre
todas as Linhas que sofrem a Mutação devem ser sempre consideradas como
importantes e lidas e interpretadas, sim, bem fusionando os Hexagramas Original
e Complementar enquanto verdadeiras Pontes que são as Linhas Mutantes! E penso também que é o Tempo que nos dirá
suas verdades em termos das Linhas Mutantes - fundamentalmente se acontecem
Três ou mais Linhas Mutáveis no Hexagrama Original: tudo tem sua própria razão
de ser e o dia virá em que esta razão se
apresentará em nossa vida.
Aconteceu, porém em relação à leitura das Linhas mutáveis no
Hexagrama acima apresentado, por serem tantas e com textos tão diferenciados, o
conselheiro que me ajudou nessa consulta e eu, não apenas consideramos tais
textos como relevantes, mas sobretudo consideramos a única Linha que não
se transformou como deveras importante por ser aquela que me manteria mais
estruturada enquanto todas as outras desestruturariam o mundo e o reordenariam
para uma situação mais ideal poder ter seu lugar... A Terceira Linha nos diz, segundo o Livro de
Wilhelm: Um príncipe o oferece ao Filho do Céu.
Um homem mesquinho não poderia fazê-lo.
Me permito lembrar ao Aluno/Caminhante/Leitor que minha pergunta ao
Oráculo do Mestre do I Ching tinha sido relativo a onde seria o melhor lugar
para a minha casa, para eu viver e enraizar...
Eu havia recém recebido uma pequena herança dos meus pais e podia custear
a compra de um pedaço de chão onde eu pudesse realizar um Ashram - e naquela
época da consulta eu estava bem entrelaçada ao Taoísmo, realizando as
transcrições das Aulas de Cherng sobre os Capítulos do Tao Te Ching. Mais tarde, já em meu lugar de raízes bem
fincadas, eu vim a conhecer o Tantra Primordial, a escuridão da ignorância que
tem que ser combatida com a força da realização da vida e através o
conhecimento, através o Caminho da Bem-Aventurança, Ananda Marga. Portanto, desde sempre, meu lugar de raízes
já estava voltado para atuar enquanto Ashram, acolhendo os Filhos do Céu,
certamente, os Mestres Iluminados que me guiassem em meu trabalho tanto no
Trigrama da Terra quanto no Trigrama do Céu.
Daí, Grandes Posses, no Hexagrama Original. Daí, Vicissitudes, Dificuldades, Obstruções,
no Hexagrama Complementar.
Continuando......
Em segundo lugar, podemos observar que todas as outras Linhas
mutáveis transformadas em suas complementares opostas – aquilo que era Yin tornou-se Yang e aquilo que era Yang,
tornou-se Yin – e, juntamente com a
Linha que não se transformou, todas as Linhas engendraram, construíram, um NOVO
HEXAGRAMA!
___ ___
_______
___ ___
_______
___ ___
___ ___
Chien, Obstrução,
Dificuldade, Vicissitude
Neste caso, o novo Hexagrama é Chien,
Obstruções, Dificuldades, Vicissitudes, onde Ken, A Montanha, O Mestre, A Quietude, recebe a visita de K’an, A Água, O Abismal....
Esse novo Hexagrama certamente tem um texto bastante diferente do
Hexagrama original e não somente isto, ao longo de todas suas Linhas, em seus
desenhos e imagens, vai mostrando as obstruções, os perigos, as vicissitudes,
as dificuldades e como vivenciá-los e superá-los, tanto no caminho do desenho e
imagem das Linhas de baixo para cima, como de cima para baixo.... Na verdade, Chien, Obstruções, é um Hexagrama de
discipulado...
No Hexagrama Chian, Dificuldades, Vicissitudes, existem dois
movimentos que acontecem através suas Linhas e suas Imagens: em primeiro lugar,
sabemos que sempre as Linhas vão acontecendo de baixo para cima - e assim,
estarão escalando a alta Montanha e estarão tendo que vencer os obstáculos para
tanto. Em segundo lugar, as Linhas
indicadoras da Água têm que descer a Montanha, escalar o Hexagrama de cima para
baixo, vencendo os obstáculos, da mesma forma.
Existe, portanto, a interpenetração dessas duas realidades em
Chian, Obstrução, Dificuldades, Vicissitudes - as forças que vêm de baixo para
cima e as forças que vêm de cima para baixo.
O encontro ou a conversão dessas forças acontecerão na Terceira Linha,
aquela que faz a fronteira entre o Trigrama da Terra e o Trigrama do Céu, a
Linha Yang que perfaz a cabeça, a mente do Mestre, que ‘volta-se para si mesmo e
cultiva seu caráter’.
A mim me parece que essa consulta oracular indicava algo importante
a ser alcançado mas que certamente haveria muita coisa a acontecer e ser
vivenciada e superada antes, durante e depois da realização ideal da
situação.... Passaram-se cerca de cinco anos (anos em que muitos obstáculos
tiveram que ser contornados) entre a consulta e a realização aparentemente
final da situação dada no Hexagrama original – desde que as obstruções,
vicissitudes e dificuldades contidas no Hexagrama complementar continuam se
apresentando e sendo vivenciadas e superadas!....
(Em tempo, hoje já se passaram cerca de 15 anos daquela consulta
acima mencionada e ambos os Hexagramas continuam persistindo em minha vida,
ambos. Aquela Terceira Linha não mutável realmente tem sido minha grande
trabalheira de vida para poder bem realizar esse Ashram que é o Sítio das
Estrelas... precisando concluir e atender ao Trigrama da Terra mas também tendo
que estruturar o Trigrama do Céu!
E o Hexagrama Vicissitudes continua ativamente ativo. A verdade é que quando nos propomos a ampliar
nossa consciência o que acontece é que muitos Karmas e Samskaras - ações e
reações em potencial - que não deveriam se apresentar nessa encarnação, tomam à
frente e se apresentam sim, em alto e bom som.
Sendo assim, a vida fica mais difícil, as vicissitudes se apresentam, é
tempo de real discipulado.)
Ainda antes de eu chegar a este meu lugar de raízes, o Ashram
no Sitio das Estrelas, Wu Jyh Cherng foi
imensamente gentil ao me receber para uma consulta ao I Ching - ainda com a
mesma pergunta, porém já voltada para a compra de uma fazenda ou um sítio, algo
assim...
O Oráculo que me foi apresentado foi Opressão, Exaustão, Lago sobre Água, Tui
sobre K’an, Alegria sobre Abismal, Perigo, Sabedoria.
A Água recebe o Lago,
formando Kuen, Dificuldades, Opressão
(A Exaustão)
Um Um, em seu Capítulo 33 do Tao Te Ching nos diz:
Quem conhece os homens é inteligente
Quem conhece a si mesmo é iluminado.
Vencer os homens é ter força
Quem vence a si mesmo é forte
Quem sabe contentar-se é rico
___ ___
_______
_______ Tui, o Lago, a Alegria
___ ___
_______
___ ___ K’an,
a Água, o Abismal
Opressão se expressa através do desenho de suas Linhas. Podemos encontrar uma repetição de K’an, a
Água, dentro deste Hexagrama: primeiramente pelo fato de que o Perigo, o
Abismal, encontra-se no Trigrama da Terra.
E, em segundo lugar, pelo fato de que, se bem observarmos as Linhas
três, quatro, cinco e seis, encontraremos outra K’an, Água, mesmo que mais
subjetivamente apresentada:
___ ___
_______
_______
___ ___
_______
_______
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_______
___ ___
_______
___ ___
Por tudo isso, vemos que existe a Água, K’an, Repetida,
fusionando-se com o Lago no Trigrama do Céu e conservando a Água, K’an, no
Trigrama da Terra, ou seja, um aumento intenso de Água exterior indo em direção
à Água interior. Mesmo assim, a
Exaustão, K’um, se dá através o fato de que a Água no Trigrama da Terra se
esvai inteiramente - mesmo porque acaba
reconfirmando seu movimento descendente através o fato de se posicionar no
Trigrama que possui, intrinsecamente, um movimento descendente. Tanto mais Água adentra o Lago, no Trigrama
do Céu, mais Água se esvai ao fundo abismal, em K’an, a Água, no Trigrama da
Terra.
E Exaustão se expressa através da imagem fotográfica - no mundo
manifestado - na água que se exaure para um abismo existente no fundo do lago. Existe um tom de aprisionamento - Opressão -
das Linhas Yang pelas Linhas Yin, da Luz pela Não-Luz.
Tudo isso expressa a Opressão.
No entanto, o I Ching diz, no Texto da Imagem, levando em conta os
Atributos de Tui, o Lago, ao exteriorizar a Alegria, e de K’an, a Água, ao
interiorizar o Perigo: Assim, o homem superior arrisca sua vida para seguir sua vontade.
A Alegria se encontra no Trigrama do Céu, o Lago. O Mistério se encontra no Trigrama da Terra,
a Água. Tanto a Alegria pode estar sendo
manifestada visivelmente - por estar no Trigrama Superior - quanto ela pode
estar também se escondendo, velando o Abismal, o Mistério, o Perigo, o
Insondável - que ronda sempre por perto - porque K’an, a Água, encontra-se no
Trigrama Inferior. A Alegria está exteriorizada
e o Abismal se encontra interiorizado. A
Alegria pode estar velando, ocultando o Mistério, os Segredos, aquilo que não
foi revelado.
Alguns dos Atributos de Tui, o Lago, são a Fala, a Boca, o
Sorriso. Tudo isso está
exteriorizado. Alguns Atributos de K’an,
a Água, são o Ouvido, a Dor.
Neste Hexagrama estaremos encontrando a Exaustão e a Opressão e a
Dificuldade na manifestação daquilo que está sendo falado e que está sendo
ouvido. O I Ching diz, no Texto do
Julgamento: Sucesso. Perseverança. O grande homem promove a boa fortuna. Nenhuma culpa. Quando ele tem algo a dizer, não lhe dão
crédito.
Apesar de todas as aparentes Vicissitudes, o grande homem consegue
sucesso através da perseverança e por isso, promove a boa fortuna. O homem superior sabe que - mesmo se
encontrando em um momento de Opressão, de Exaustão -, esse momento há de passar
- assim como tudo termina e novamente recomeça, um dia, dentro do Mundo da
Manifestação.
O tom intenso encontrado enquanto Vicissitude, Opressão, Exaustão,
acontece pelo fato de que Tui, o Lago, é o momento de Retirada, ocupando o
Oeste, o Outono, enquanto K’an , a Água, é o momento da Dormência, ocupando o
Norte, o Inverno. Porém, a esperança de
que tudo possa vir a ser afortunado surge a partir do posicionamento de Tui, o
Lago, no Sudeste, logo após a Primavera de Li, o Fogo, já almejando a chegada
do Verão, da plenitude da vida...., mas o posicionamento de Kan, a Água, será
no Oeste, na Retirada, novamente avisando que tudo, tudo, no Mundo da Manifestação,
encontra seu eterno retorno, finalizando e recomeçando...
Mais atrás, dissemos que existe um tom de Opressão, Exaustão, que é
realizado através a composição das Linhas que apresentam as Linhas Yang como
sendo aprisionadas pelas Linhas Yin, a Luz sendo oprimida pela Não-Luz, a
iluminação sendo oprimida pela obscuridade, a Alegria podendo ser oprimida pelo
Perigo. Por estas razões, são
consideradas as Linhas Governantes do Hexagrama K’un, Opressão, Exaustão, as
Linhas Yang fortes e ativas e que podem combater esta Opressão, esta Exaustão,
posicionadas nos lugares do Homem da Terra e do Homem do Céu, as Segunda e
Quinta Linhas.
Os Trigramas Nucleares inseridos são Sun, o Vento, a Madeira, a
Suavidade, o Penetrante, no Trigrama Superior e Li, o Fogo, o Aderir, no
Trigrama Inferior. Vemos que a Linha
superior de Sun, o Vento, é a Linha do Rei, a Governante do Hexagrama, no
Trigrama do Céu, e que a Linha inferior de Li, o Fogo, é a Linha do Homem da
Terra, também Governante do Hexagrama.
Sendo assim, com Suavidade e com Lucidez e com boa movimentação
ascensional, é possível que o homem superior possa promover a boa fortuna - assim como diz o I Ching no
Texto do Julgamento.
Em termos do Hexagrama Nuclear inserido, encontraremos Sun, o
Vento, a Madeira, sobre Li, o Fogo, o Aderir, realizando Chia Jên, a Família,
onde são estabelecidas as questões voltadas para as atuações externas e as
atuações internas - trazendo o tom masculino e Yang para a atuação externa e
trazendo o tom feminino e Yin para a atuação interna.
.........................
Bem, vimos que a tarefa realmente não seria nada fácil! E podemos concluir que o Hexagrama
Desdobrado ou Complementar foi K’an, a Água Repetida, o Abismal - porque no
Hexagrama Original, K'un, Opressão, a Linha Mutável foi a Quarta Linha, que
dizia: Ele vem muito lentamente, oprimido numa carroça
de ouro. Humilhação, mas ainda assim a
meta é atingida. A Linha é Yang quando idealmente seria Yin,
daí a humilhação que o texto menciona. A
carroça é um atributo de K’an, a Água, enquanto
ouro, o metal, é um atributo de Tui, o Lago. Nos dias de hoje, a carroça é um veículo
simples enquanto o ouro sempre foi um material nobre. Portanto, pode haver uma divergência entre
ação e custo da ação, algo assim. E tudo
isso acentua o tom de Opressão, Exaustão, Dificuldades, que vemos no Hexagrama
Original.
O Hexagrama Complementar ou Desdobrado a partir da Mutação da
Quarta Linha, de Yang para Yin, é:
A Água recebe a Água,
formando K’an, O Abismal
___ ___
_______
___ ___ K’an,
a Água, o Abismal
___ ___
_______
___ ___ K’an,
a Água, o Abismal
K’an, a Água, é a Alma.
Sendo assim, no Hexagrama da Água repetida, estaremos encontrando o
surgimento da consciência da Alma encarnada - no Trigrama da Terra - e da Alma
em suspensão - no Trigrama do Céu.
Também em K’an, a Água, estaremos encontrando a Roda, a Roda da Vida,
entre vida e não-vida, entre morte e não-morte - e os posicionamentos de K’an,
a Água, dentro dos Mapas da Não-Manifestação e da Manifestação apresentam o Oeste, o lugar da Retirada bem como o
Norte, o lugar da Dormência.
Neste Hexagrama, a Alma em descenso, pronta para a encarnação, tem
a oportunidade de reconhecer quais as Vicissitudes que não poderá ser furtar de
enfrentar: seus Karmas e seus Samskaras - ações e reações em potencial advindos
de vivências sucessivas anteriores e que deverão ser vivenciados e resgatados
na encarnação atual.
A própria Água, K’an, também nos ensina - em sua naturalidade em
busca do seu Tao - como enfrentarmos os Perigos, as Vicissitudes: a Sabedoria
conscientizada (isso também pode se chamar Tantra) e a movimentação contínua,
em eterno retorno da Água sempre dentro de um de seus principais Atributos, a
Humildade.
A Água vai contornando todos os obstáculos, vai escorrendo, enfrentando
os Perigos expostos no Trigrama do Céu e aqueles que estão mais invisíveis, no
Trigrama da Terra. Tudo é sempre
desconhecido e no entanto, a humildade e a limpidez de Alma fazem com que a
Água vá, simplesmente e naturalmente, seguindo seu Caminho, em busca da
realização do seu Tao.
O homem superior é assim como K’an, a Água, que segue o que o seu
coração lhe dita - um dos Atributos de K’an, a Água, é o coração, é o sangue da
Terra. Assim, o homem superior segue seu
Caminho em busca da liberação dos Perigos e dos Obstáculos que vai encontrando
- sejam acumulados de encarnações anteriores, sejam aqueles que se apresentam
na encarnação atual, sejam aqueles que estão sendo reservados para posteriores
vivências sucessivas.
Em sendo K’an, a Água, a Virtude da Sabedoria, e em sendo K’an, a
Água, Repetida, o I Ching diz, no Texto da Imagem: assim, o homem superior caminha em constante virtude e exerce o
magistério.
Existem duas Linhas Governantes no Hexagrama e são as duas Linhas
Yang e centrais e fortes: a Segunda Linha, a Linha do Homem da Terra, no
Trigrama da Terra, e a Quinta Linha, a Linha do Homem do Céu, no Trigrama do
Céu.
Os Trigramas Nucleares inseridos são Ken, a Montanha, a Quietude,
no Trigrama Superior e Chen, o Trovão, o Incitar, no Trigrama Inferior.
Existe uma contradição de movimentação em relação a esses dois
Trigramas pois que em Ken, a Montanha, o movimento é inteiramente descendente e
este se encontra no Trigrama Superior; em Chen, o Trovão, bem ao contrário, o
movimento é inteiramente ascendente e este se encontra no Trigrama Inferior: a
contradição de movimentos faz com que a Água, K’an, no Trigrama da Terra
Original, sofra um sentido de propulsão ascendente (criando outra contradição
em termos de movimentação!), porém a Água, K’an, no Trigrama do Céu Original,
acaba tendo a confirmação de seu movimento descendente através seu fusionamento
com o Trigrama Nuclear Superior, em Ken, a Montanha.
De qualquer forma - mesmo que K’an, a Água, seja o Abismal e o
Perigo -, encontraremos em Chen, o Trovão, uma propulsão ascendente intensa e
renovadora de vida (assim como se apresenta o Atributo de Chen, o Trovão, o
Incitar, o Novo Começo), ou seja, K’an, a Água, é também o Sangue, é o Coração,
fazendo com que exista, portanto, o Coração da Terra e o Coração do Céu, o
Sangue da Terra e o Sangue do Céu, e a missão de Chen, o Trovão, é fazer com
que haja um intercâmbio de movimentação entre essas questões primordiais da
Vida.
Em ponto de vista de dimensão mais elevada, encontramos em K’an, a
Água Repetida, a Alma do Trigrama do Céu e a Alma do Trigrama da Terra e a
fusão do Hexagrama com os Trigramas Nucleares Ken, a Montanha e Chen, o Trovão,
faz com que a Descida inexorável à encarnação seja necessária, sim, de forma
que esta Alma possa ascender ao seu processo de evolução de Alma.
Esse ponto de vista acaba sendo confirmado através o Hexagrama
Nuclear inserido: I, As Bordas da Boca, Prover Alimento, Montanha sobre Trovão,
Hexagrama apresentando cinco Linhas Yin interiores sendo exteriorizadas através
duas Linhas Yang, uma na Primeira Linha e outra na Sexta Linha - daí, as
Bordas, os Limites. Sendo assim, em
K’an, a Água Repetida, encontraremos a encarnação no Planeta Terra enquanto
limite imposto para a Alma trazendo em seu bojo o Espírito (K’an, a Água, e Li,
o Fogo) no sentido de ambos realizarem os Caminhos da Iluminação e da Liberação
ou Imortalidade, ou seja, a real alimentação espiritual.
....................
Eu bem me recordo da expressão facial do Mestre Cherng, ao me
apresentar os Hexagramas por mim obtidos, em minha consulta oracular... Ou seja, não exatamente são situações fáceis
de serem contornadas, no mundo da manifestação, mas por outro lado, são
situações que tratam do Discipulado, no mundo da não-manifestação, e fazem
parte de minhas missões de vida, certamente.

Usando o Discernimento
Sempre que estivermos diante de um Hexagrama original com Linhas
mutáveis e não mutáveis que nos abrem e estruturam um novo Hexagrama – o
complementar – temos então, que usarmos bem o discernimento acerca de como
realizarmos a leitura total, ou seja, a situação questionada e tudo aquilo que
pode vir a falar dessa mesma situação, o que vem antes, o que vem depois, o que
dizem as Linhas mutáveis, o que não dizem, o que dizem as entreLinhas.... o
desenho das Linhas, as imagens superpostas de ambos os Hexagramas revelados...
os textos do Julgamento, os textos das Imagens....
Também temos que usar o bom discernimento para decidirmos a que
momento o Hexagrama original se refere: ou à questão em si mesma, ou a algum
momento do passado, ou a algum momento do futuro, ou a algo que se encontra
acontecendo no momento.... E a que momento o Hexagrama complementar está se
referindo: se a uma continuidade da situação mencionada no Hexagrama original
ou se a algo que tem que acontecer antes para que a situação dada no Hexagrama
original possa ser bem sucedida posteriormente....
Quanto ao número de Linhas mutáveis dentro do Hexagrama original,
podemos sempre ter um melhor entendimento de ação e conduta quando essas Linhas
não passam de duas....três, no máximo. A partir de três Linhas mutáveis, pode
haver uma certa confusão de informações e nesse caso, é prudente se ater mais
aos textos do Julgamento de ambos os Hexagramas.
Mesmo assim, eu diria que é sempre importante que leiamos todas as
Linhas que se apresentaram enquanto Mutáveis: elas nos foram designadas por
algum motivo, sem dúvida alguma, e, mesmo que não as compreendamos logo, é
certo que assim faremos em futuro breve ou em tempo médio, à frente. Eu me permito olhar as Linhas, sim, e olhar
com todo o cuidado, sim - mesmo porque a gente não pode ter muita pressa ao ler
a resposta do Oráculo, não é verdade? E se por acaso eu não compreender, eu
simplesmente deixo o Tempo acontecer, deixo o dia passar, a semana passar, o
mês passar, o ano passar, a década passar!
Quando ao consultar o Oráculo recebemos apenas um Hexagrama sem
Linhas mutáveis, isso pode significar que a situação é bem aquela descrita no
texto do Julgamento em primeiro lugar e, secundariamente, pela Imagem, sem
precisar do auxílio das Linhas nem da possível continuidade revelada pelo
Hexagrama complementar.

Alguns Conselhos Finais...
.... Last but not Least...
A meu ver, a primeira noção básica que sempre devemos ter, é que a
nossa pergunta pode ter sido realizada através questões que nos perpassam a
mente neste nosso aqui-e-agora... mas nem sempre fazem parte somente de nosso
momento atual como também estarão fazendo parte de nossa vida de agora em
diante, em nosso futuro.
E, por esta mesma razão, é certo que poderemos estar interpretando
nossa resposta doada pelo Oráculo do Mestre do I Ching dentro de nossas
premissas de aqui-e-agora, sim, mas não devemos nos esquecer que nossa resposta
pode estar nos enviando para uma compreensão sempre maior da mesma de agora em
diante, para nosso futuro!
Ou seja, tanto nossa pergunta quanto nossa resposta podem ser
vistas como um pedra que se joga em meio a um lago.... Ondas circulares estarão
se formando a partir do centro onde a pedra foi jogada... Estas ondas estarão
acontecendo, acontecendo, até que, finalmente, desapareçam por completo.
Somente o tempo, o tempo, o tempo, pode nos dizer, pode nos
revelar, pode nos trazer, em Insights de maiores compreensões, tudo aquilo que
nossa pergunta pode comportar e tudo aquilo que nossa resposta pode comportar.
O TEMPO.
Nem sempre nossas interpretações primeiras e imediatas e impulsivas
são as interpretações corretas, digamos assim, daquilo que o I Ching está
querendo nos dizer! A gente fica um tanto
estruturado em nossa pergunta em si mas acontecem vezes em que o I Ching não
exatamente está respondendo à nossa pergunta mas está nos fazendo outro
questionamento - porque entende que outro questionamento é mais fundamental do
que a pergunta egóica que fizemos ou do que a compreeensão mais egóica e
imediatista que iremos ter!
Então, o Tempo nos ajuda a dirimir muitas dessas questões. Em dado momento, nos ‘cai a ficha’: ah, então
o I Ching quis me dizer isso! Em dado
momento, de repente, não mais do que de repente, a gente tem um insight sobre
alguma Linha, sobre alguma coisa que o Hexagrama nos tenha dito e a gente não
tenha sacado, lá atrás.
Gostaria também dizer alguma coisa sobre minha prática de
interpretação tanto em I Ching como em, fundamentalmente, em Astrologia e
também no Tarot ou Runas, esses Oráculos todos que acabam passando por minhas
mãos:
Se a gente tiver uma resposta já pronta dentro da gente, não vai
compreender a resposta do Oráculo! Eu
vejo muitos dos meus clientes perguntando por uma laranja enquanto o Mestre do
Oráculo está falando de maçã, de goiaba, de jabuticaba, entende?
Somente com o Tempo passando, é que vai cair a ficha do cliente no
sentido de compreender que não era laranja coisa nenhuma e sim, era maçã, era
goiaba, era jabuticaba!
Não dá para a gente achar que vai entender o oráculo prontamente,
não dá! O tempo tem que acontecer. A gente não pode ter o desejo de tal e tal
resposta, entende? A gente tem que
deixar a resposta vir, em Wei Wu Wei, na ação dentro da não-ação.
Aliás, eu penso que nem sempre a gente tem que fazer pergunta
alguma ao I Ching, apenas jogar e aguardar pela resposta! Eu gosto de fazer isso, eu prefiro,
inclusivo, fazer isso, em relação ao I Ching que é o Oráculo que eu mais
respeito e que somente uso em momentos muito especiais que jamais o realizo por curiosidade minha ou
de algum Caminhante.
Em todos os casos, temos sempre
que praticar duas questões: não termos a resposta de antemão, no desejo da
resposta, e dar tempo ao tempo. E também
sentir, sentir, sentir, sobre o que fazer.

encontre os seguintes Temas em nosso próximo Capítulo:
Capítulo VIII
I Ching do Mundo da Não-Manifestação
e
I Ching do Mundo da Manifestação
O Caminho do Céu:
De K’un, A Terra, passando por todos os filhos inter-relacionados,
até alcançar Ch’ien, o Céu
O Caminho da Terra:
De Ch’ien, o Céu, passando por todos os filhos inter-relacionados
até alcançar K’un, A Terra
Da Não-Luz à Luz e ao Retorno da Não-Luz
O Caminho do Céu e da Terra
O Fio da Meada:
K’un, A Terra, O Vazio, é ela própria O Fio da Meada, que, através do Espaço, encontra-se com Ch’ien, O Céu, O Criativo, através do Tempo.
O fio da Urdidura - o Espaço - junto com o Tempo - a Trama - vai tecendo, assim, todo o Universo...
Do Vazio à Luz:
Os Passos no Caminho da Meditação sendo realizados através as Virtudes de cada um dos Seis Filhos do Céu e da Terra
O Fio da Meada
Sexta Linha ___ ___ O
Quinta Linha ___ ___ I Ching
Quarta Linha ___ ___ do
Terceira Linha _______ Caminho
Segunda Linha _______ do
Primeira Linha _______ Céu
Janine Milward
Primeiro Volume
Conceitos Fundamentais sobre I Ching,
o Livro das Mutações
o Livro das Mutações
Editora Estrela do Belém
O Fio da Meada
I Ching do Caminho do Céu
Janine Milward
Direitos Reservados © 1997
Registro 142.090 Livro 230 Folha 433
Segunda Edição Revisada

Primeiro Volume
Conceitos Fundamentais sobre I Ching, o Livro das Mutações
Janine Milward